Lição 05 - Tire Um Dia Para Descansar
"Lembra-te do dia de sábado para o santificar" - Êxodo 20.8
Texto Bíblico Básico: Deuteronômio 5.1-3, 12-15
A RAZÃO DO SÁBADO
O termo sábado deriva de um verbo hebraico que significa descansar ou cessar toda atividade. O sábado ou "o dia do repouso" é a referência ao descanso de Deus que seguiu à criação. "Foram acabados os céus e a terra ... E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito" (Gênesis 2: 1-2). O sábado não é, portanto, um sinal meramente judaico. Só mais tarde Deus ordenou o sábado como sinal da aliança eterna entre ele e seu povo:"Também lhes dei os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles, para que soubessem que eu sou o SENIHOR que os santifica" (Ezequiel 20:12).
É interessante ler três passagens no livro de Êxodo que falam do dia do repouso ou sábado. Esse dia é sempre mencionado em relação às grandes intervenções de Deus com respeito ao seu povo. O dom do maná no deserto é a expressão da graça do Deus fiel que se preocupa com seu povo: "Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR... Assim, descansou o povo no sétimo dia".
O dom da lei é a expressão das exigências de Deus, as quais o homem é incapaz de cumprir. O quarto mandamento declara: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR... ao sétimo dia, descansou; por isso, o SENHOR abençoou o dia de sábado e o santificou" (Êxodo 20: 8-11).
O dom de recursos para a edifícação do tabernáculo é a expressão do desejo de Deus de habitar entre o seu povo: "Certamente, guardareis os meus sábados ... O sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso solene ao SENHOR" (Êxodo 31:12-17; 35:1-2).
Desse modo, quer trate da graça de Deus ou da incapacidade do homem de obedecer a Deus, ou mesmo do desejo de Deus de habitar entre os homens, o sábado é mencionado como sinal do propósito divino de introduzir o homem em seu repouso. Está claro que o sábado pertence à primeira criação. Está escrito que quando Deus terminou sua obra, descansou no sétimo dia (Hebreus 4:4).
Contudo, esse repouso foi de curta duração. A criação foi arruinada, degradada por causa da transgressão do homem, o primeiro Adão. Como Deus, desde então, pôde descansar em meio de um ambiente caracterizado pelo pecado, pela miséria e pela morte? Deus ainda trabalha a fim de fazer o homem feliz, introduzindo-o em seu descanso. Isto é o que o Senhor Jesus declarou depois de curar um enfermo no dia do repouso: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (João 5:17).
Assim é como o Senhor continua trabalhando, curando e livrando; e isso freqüentemente no dia do repouso. Não é ele, o Filho do homem, "senhor também do sábado"? Ele podia dispor desse dia como achasse conveniente (Marcos 2:28). Foi de lugar em lugar fazendo o bem, até que chegou o dia da grande obra da salvação do homem. Morreu na cruz e, significativamente, passou o dia do repouso na sepultura. Ressuscitou no dia seguinte. Um novo dia resplandeceu, o de uma nova criação, o da entrada no período da graça, o primeiro dia da semana. A primeira criação - e com ela, a lei e o dia do repouso - acabou-se com a morte de Cristo. Por isso, o dia do repouso não tem mais razão de ser. É um erro, uma injustiça, forçar um filho de Deus a guardar o sábado nos dias de hoje. Uma nova criação, a criação de Deus, da qual Cristo é o princípio (Apocalipse 3: 14), surgiu depois de sua ressurreição. Assim, pois, é outro o dia que o crente é chamado a respeitar: o primeiro dia da semana (não o último), o dia do Senhor. As Escrituras falam freqüentemente do dia do repouso, mas raramente do domingo. Contudo, este dia é mencionado uma vez pelo menos nas quatro partes que constituem o Novo Testamento, o que faz ressaltar ainda mais sua importância.
Nos evangelhos: "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro" (João 20: 1).
No livro de Atos: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão" (Atos 20: 7).
Nas epístolas: "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade" (1 Coríntios 16:2).
No Apocalipse: "Achei-me em espírito, no dia do Senhor" - o Dies Domini - (Apocalipse 1:10). Desta expressão latina veio a palavra atual domingo.
Hebreus 4.9 atrai-nos a atenção. Diz: "Portanto, resta um repouso para o povo de Deus". Deus descansou depois das obras da criação, mas este descanso, por causa do pecado do homem, não durou muito tempo. Josué introduziu os filhos de Israel em Canaã, mas, por causa de sua infidelidade, não conheceram o verdadeiro descanso. Resta, portanto, um descanso sabático, não um novo sábado, mas, sim, segundo o texto original, um sabatismo, a saber, um descanso que permanece, que ninguém poderá perturbar. Esse descanso será desfrutado sobre aTerra pelo povo de Israel nos dias do milênio. "Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada", disse o profeta Isaías (11: 10). No céu, Ele mesmo será a porção da Igreja, o povo celestial de Deus. No estado eterno, em que Deus será tudo em todos, finalmente "ele descansará em seu amor" (Sofonias 3: 17). Então, todos os que lhe pertencem repousarão em seu descanso.
O SÁBADO NO NOVO TESTAMENTO
Qual é a relação que o livro de Hebreus traça entre o Sábado e o descanso que entramos pela fé no Senhor Jesus? Alguns ensinam que, uma vez que pela fé colocamos nossos fardos sobre Jesus por meio da fé e encontramos descanso espiritual (Mateus 11:28-30), o Sábado é hoje desnecessário ao cristão. Será isso mesmo? Richard B. Gaffin, ministro da Igreja Presbiteriana Ortodoxa e ex-professor de Teologia Sistemática no Westminster Theological Seminary em Filadélfia (Estados Unidos), aponta a relação entre a guarda do dia do Senhor e o descanso eterno que ainda nos aguarda em Jesus: “Sem dúvida no livro de Hebreus, por exemplo, Deus deixa claro que quer que apreciemos a profunda ligação entre o escopo abrangente da religião cristã, que acabou de ser delineada, e a nossa guarda semanal do Dia do Senhor. Na longa passagem de Hebreus 3:7-4:13, ele está tentando dar aos cristãos do Novo Testamento um senso de sua identidade básica: eles são viajantes; a igreja é um povo peregrino. Ele estabelece o seu ponto, ao comentar o Salmos 95:7-11, comparando a igreja ao Israel no deserto. Essa analogia tem dois lados. Por um lado, assim como Israel tinha sido liberto da escravidão no Egito, assim os crentes já foram libertos da culpa e poder do pecado. Mas, por outro lado, assim como Israel no Sinal ainda não tinha entrada na terra de Canaã, assim ainda não alcançamos nossa salvação em sua plenitude final. Uma experiência segura e incontestável (mas não incerta!) de salvação ainda é futura para a igreja." Esse é o porquê existem tantas exortações pronunciadas a perseverar, não somente nessa passagem, mas por todo o livro de Hebreus. Deus chama essa possessão futura de salvação de ‘descanso’ ou ‘meu descanso’, tomado de Salmos 95 (veja Hebreus 3:11 18; Hebreus 4:1 3, 5, 10, 11). Além do mais, ele explicitamente associa o Sábado com esse descanso. Isso acontece de duas formas. Primeiro, em Hebreus 4:4 ele conecta esse descanso com Gênesis 2:2 (‘E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito’). Esse é o único lugar onde o Novo Testamento cita esse versículo. É também significativo que existem apenas dois lugares onde o Antigo Testamento cita esse versículo, e nessas duas ocorrências com o propósito de apoiar o mandamento semanal do Sábado (Êxodo 20:11; Êxodo 31:17). Segundo, em Hebreus 4:9 ele deliberadamente chama o descanso de ‘um repouso do Sábado’ (ou ‘guarda do Sábado’). O intento desse comentário inspirado sobre o Antigo Testamento deveria ser claro o suficiente. Deus quer que vejamos o descanso final – a ordem de consumação guardada para os filhos redimidos de Deus – como um grande e infindável descanso sabático. Isso sugere que o dia de Sábado é um sinal escatológico. Em outras palavras, nosso repouso semanal do Sábado é um sinal que aponta para o fim da história e para o cumprimento último de todos os propósitos de Deus para a Sua criação. ... O próprio descanso – cessar tanto quanto possível de todas aquelas atividades que são apropriadas nos outros seis dias da semana – tem significado positivo. O Dia do Senhor é sobre adoração, pois é em primeiro lugar sobre o evangelho. É um sinal, um testemunho tanto para a igreja como para o mundo espectador, que ‘não sois de vós mesmos’ (1 Coríntios 6:19). Somos dependentes de Deus, e não de nós mesmos, para a nossa provisão. Isso é um sinal que não confiamos em nós mesmos e em nossos esforços como filhos e filhas caídas de Adão. Confiamos na justiça perfeita de Cristo, o último Adão. Confiamos na fidelidade de Deus às suas promessas pactuais de fazer por nós aquilo que somos incapazes de fazer por nós mesmos. Nós obscurecemos o significado do Dia do Senhor se o desvinculamos dos outros seis dias da semana. O ciclo semanal – que estrutura a existência humana em quase toda época e lugar – fornece um tipo de ‘filosofia da história’. O padrão de seis dias de atividade interrompida por um dia de descanso é uma lembrança contínua que os seres humanos não estão imersos numa sequência de dias sem significado, um após o outro sem fim. A história tem um princípio e um fim. Dirigimo-nos para o julgamento final e a consumação de todas as coisas. Todas as vezes que lembramos o dia de Sábado para santificá-lo, isso nos encoraja a ‘pensar mais alto’. Lembramos que somos filhos redimidos de Deus. O Sábado semanal é um sinal dado por Deus, para que nossas vidas não sejam sem sentido ou propósito.” (Publicado no periódico New Horizons, Março/2003; traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto) Frederic W. Farrar, na obra “Cambridge Greek Testament for Schools and Colleges: Hebrews”, página 88, assim se expressou sobre o texto de Hebreus 4:9: “A palavra usada como ‘repouso’ aqui [no verso 9] é diferente da que tem sido empregada em toda a primeira parte do comentário (katapausis). ... A palavra significa ‘o repouso de um sábado’, e fornece um importante elo de ligação no argumento, indicando o fato de que ‘o repouso’ que o autor tem em vista é o repouso de Deus, uma concepção muito mais alta de repouso do que qualquer espécie de descanso que Canaã pudesse tipificar de modo adequado. O sábado, que em II Macabeus 15:1 é chamado o ‘dia de repouso’, é o tipo mais aproximado do céu do que Canaã.” E finalizamos com as palavras do pastor Jerry N. Page, em artigo no periódico Ministry, junho 1978, pág. 13, que declarou sobre o repouso de Hebreus: “Embora o sábado seja mencionado apenas incidentemente em um contexto que enfatiza a disponibilidade do repouso da salvação para o homem, o repouso de Deus, no sétimo dia da semana da Criação, revela que o sábado é um símbolo, é uma amostra do repouso da graça. Da mesma forma que o homem comunga com Deus pela fé e desse modo obtém o repouso, assim aconteceu no domínio do tempo, de modo que esta comunhão encontra sua suprema expressão na simbólica dádiva divina do sábado. Quando nosso autor introduz o conceito do repouso divino, não é por coincidência que ele faz um trocadilho pela introdução da palavra sabbatismós. A relação entre o repouso divino como experiência e o sábado como seu símbolo é de maneira conveniente explicada por E. J. Waggoner: ‘O repouso no Éden era repouso sabático. O sábado é um pedaço do Éden que nos resta, até que o Éden seja novamente restaurado; aquele que guarda o sábado como Deus o fez, como Deus o concedeu para ser guardado, goza do repouso que o Senhor Jesus Cristo tem no céu. Mas como pode alguém guardá-lo? Pela fé!’” Desfrutemos então semanalmente, a exemplo de Deus (Gênesis 2:1-3), o descanso físico que nos aponta para o descanso eterno que teremos em um mundo restaurado, o qual o Senhor nos trará segundo a Sua promessa (2 Pedro 3:13).
FONTE DE PESQUISA
https://www.palavrasdoevangelho.com/o-sabado-devemos-guarda-lo/https://mail.gracamaior.com.br/estudos/sabado/1329-hebreus-4-sabado-descanso-eterno.html
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