Lição 08 - O Divórcio e a Quebra de Uma Aliança


"Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem" - Mateus 19.6
Texto Bíblico Básico: Mateus 19.1-11

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CASAMENTO
1. O casamento é uma instituição divina estabelecida pelo próprio Deus antes da queda, quando tudo, inclusive o casamento, “era muito bom” (Gênesis 1:31). “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gênesis 2:24). O casamento, assim instituído por Deus, é um relacionamento monogâmico e heterossexual entre um homem e uma mulher.
2. O casamento é um compromisso vitalício entre marido e mulher e de ambos para com Deus (Marcos 10:2-9; Romanos 7:2). Paulo indica que o compromisso que Cristo tem para com a igreja é um modelo do relacionamento entre marido e mulher (Efésios 5:31, 32). Deus planejou que o casamento fosse tão permanente quanto o relacionamento de Cristo com a igreja.
3. A intimidade sexual dentro do casamento é um dom sagrado de Deus para a família humana. É uma parte integral do casamento, reservada apenas para o casamento (Gênesis 2:24; Provérbios 5:5-20). Essa intimidade, designada para ser partilhada exclusivamente entre marido e mulher, promove uma proximidade sempre crescente, felicidade e segurança e possibilita a perpetuação da raça humana.
4. A unidade no casamento é alcançada por mútuo respeito e amor. Ninguém é superior (Efésios 5:21-28).
5. A entrada do pecado afetou adversamente o casamento. Quando pecaram, Adão e Eva perderam a unidade que tinham experimentado com Deus e um com o outro (Gênesis 3:6-24). Seu relacionamento se tornou marcado pela culpa, vergonha, remorso e dor. Onde quer que reine o pecado, seus deploráveis efeitos sobre o casamento incluem alienação, infidelidade, negligência, abuso, perversão sexual, domínio de um cônjuge sobre o outro, violência, separação, abandono e divórcio.
O conceito cristão de casamento inclui o seguinte:
1. O ideal divino a ser restaurado em Cristo: Ao redimir o mundo do pecado e suas consequências, Deus busca restaurar o casamento ao seu ideal original. Isso está previsto para a vida daqueles que nasceram de novo no reino de Cristo, aqueles cujo coração está sendo santificado pelo Espírito Santo e que têm como seu propósito primordial a exaltação do Senhor Jesus Cristo (1 Pedro 3:7).
2. Unidade e igualdade a ser restauradas em Cristo: O evangelho enfatiza amor e submissão mútuos de marido e mulher (1 Coríntios 7:3, 4; Efésios 5:21). O modelo para a liderança do marido é o abnegado amor e serviço que Cristo dedica à igreja (Efésios 5:24, 25). Pedro e Paulo falam sobre a necessidade de respeito nas relações conjugais (1 Pedro 3:7; Efésiso 5:22, 23).
3. Graça disponível a todos: Deus procura restaurar a integridade e reconciliar consigo mesmo todos os que têm fracassado em atingir o padrão divino (2 Coríntios 5:19). Isso inclui aqueles que provaram o rompimento das relações matrimoniais.
4. Função da igreja: Moisés no Antigo Testamento e Paulo no Novo Testamento lidaram com problemas causados por casamentos rompidos (Deuteronômio 24:1-5; 1 Coríntios 7:11). Ao enaltecer e reafirmar o ideal, ambos trabalharam construtiva e redentivamente com os que tinham ficado aquém do padrão divino. Semelhantemente, a igreja hoje é chamada a enaltecer e reafirmar o ideal de Deus para o casamento e, ao mesmo tempo, ser uma comunidade perdoadora, reconciliadora e restauradora, revelando compreensão e compaixão quando ocorre um rompimento.
Divórcio
1. O divórcio é contrário ao propósito original de Deus ao instituir o matrimônio (Mateus 19:3-8; Marcos 10:2-9), mas a Bíblia não é silenciosa a esse respeito. Visto que o divórcio ocorreu como parte da experiência humana caída, uma regulamentação bíblica foi dada para limitar o dano que ele tem causado  Deuteronômio 24:1-4). A Bíblia procura consistentemente enaltecer o matrimônio e desencorajar o divórcio descrevendo as alegrias do amor e da fidelidade conjugal (Provérbios 5:18-20; Cantares 2:16; 4:9; 5:1), referindo-se ao relacionamento de Deus com Seu povo comparando-o com o casamento (Isaías 54:5; Jeremias 3:1), enfocando as possibilidades de perdão e restauração matrimonial (Oséias 3:1-3), e indicando a aversão de Deus pelo divórcio e a miséria que ele causa (Malaquias 2:15, 16).
2. Jesus restaurou o conceito original do casamento como um compromisso vitalício entre um homem e uma mulher e entre o casal e Deus (Mateus 19:4-6; Marcos 10:6-9). Muitas instruções bíblicas confirmam o casamento e procuram corrigir os problemas que tendem a enfraquecer ou destruir o seu fundamento (Efésios 5:21-33; Hebreus 13:4; 1 Pedro 3:7).
3. O casamento baseia-se nos princípios do amor, lealdade, exclusividade, confiança e amparo mantidos por ambos os cônjuges em obediência a Deus (Gênesis 2:24; Mateus 19:6; 1 Coríntios 13; Efésios 5:21-29; 1 Tessalonicenses 4:1-7). Quando esses princípios são violados, as Escrituras reconhecem que trágicas circunstâncias podem destruir o casamento.
4. A graça divina é o único remédio para os males do divórcio. Quando o casamento falha, os ex-cônjuges devem ser encorajados a examinar sua experiência e procurar conhecer a vontade de Deus para sua vida. Deus provê conforto para os que foram feridos. O Senhor também aceita o arrependimento de pessoas que cometeram os mais destrutivos pecados, mesmo aqueles que trazem consigo consequências irreparáveis (2 Samuel 11; 12; Salmos 34:18; 86:5; Joel 2:12, 13; João 8:2-11; 1 João 1:9).
5. As Escrituras reconhecem o adultério e a fornicação (Mateus 5:32) e o abandono por parte de um cônjuge incrédulo (1 Coríntios 7:10-15) como motivos para o divórcio.
O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O DIVÓRCIO E UM NOVO CASAMENTO?
Em primeiro lugar, independentemente do ponto de vista que se tenha a respeito do divórcio, é importante lembrar-se de Malaquias 2:16: “Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel.” De acordo com a Bíblia, o plano de Deus é que o casamento seja um compromisso para toda a vida. “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6). Entretanto, Deus bem sabe que já que o casamento envolve dois seres humanos pecadores, o divórcio vai ocorrer. No Antigo Testamento, Ele estabeleceu algumas leis com o objetivo de proteger os direitos dos divorciados, em particular das mulheres (Deuteronômio 24:1-4). Jesus mostrou que estas leis foram dadas por causa da dureza do coração das pessoas, não porque tais leis eram o desejo de Deus (Mateus 19:8).

A polêmica a respeito do divórcio e do novo casamento, se são ou não permitidos de acordo com a Bíblia, gira basicamente em torno das palavras de Jesus em Mateus 5:32 e 19:9. A frase “a não ser por causa de infidelidade” é a única coisa nas Escrituras que possivelmente dê a permissão de Deus para o divórcio e um novo casamento. Muitos intérpretes compreendem esta “cláusula de exceção” como se referindo à “infidelidade matrimonial” durante o período de “compromisso pré-nupcial”. Segundo o costume judeu, um homem e uma mulher eram considerados casados mesmo durante o período em que estavam ainda “prometidos” um ao outro. A imoralidade durante este período em que estavam “prometidos” seria a única razão válida para um divórcio.

Entretanto, a palavra grega traduzida como “infidelidade conjugal” é uma que pode significar qualquer forma de imoralidade sexual. Pode significar fornicação, prostituição, adultério, etc. Jesus está possivelmente dizendo que o divórcio é permitido se a imoralidade sexual for cometida. As relações sexuais são uma parte muito importante do laço matrimonial: “e serão dois uma só carne” (Gênesis 2:24; Mateus 19:5; Efésios 5:31). Por este motivo, uma quebra neste laço por relações sexuais fora do casamento pode ser uma razão permissível para o divórcio. Se for esse o caso, Jesus também tem um novo casamento em mente nesta passagem. A expressão “e casar com outra” (Mateus 19:9) indica que o divórcio e o novo casamento são permitidos se ocorrer a cláusula de exceção, qualquer que seja sua interpretação. É importante notar que somente a parte inocente tem a permissão de se casar uma outra vez. Embora não indicado no texto, parece que a permissão para um novo casamento após o divórcio é demonstração da misericórdia de Deus para com aquele contra quem se pecou, não para com aquele que cometeu a imoralidade sexual. Pode haver casos onde a “parte culpada” tenha a permissão de se casar novamente, mas tal conceito não é ensinado neste texto.

Alguns compreendem I Coríntios 7:15 como uma outra “exceção”, permitindo um novo casamento se o cônjuge descrente se divorciar do crente. Entretanto, o contexto não menciona um novo casamento, mas apenas diz que um crente não está obrigado a continuar um casamento se um cônjuge descrente quiser partir. Outros afirmam que o abuso (conjugal ou infantil) é uma razão válida para o divórcio, embora não esteja listado como tal na Bíblia. Embora esse talvez seja o caso, não é sábio fazer suposições com a Palavra de Deus.

Às vezes, perdido neste debate a respeito da cláusula de exceção está o fato de que qualquer que seja o significado da “infidelidade conjugal”, ela é, de fato, uma permissão para o divórcio, não uma exigência. Mesmo quando o adultério ocorreu, um casal pode, pela graça de Deus, aprender a perdoar e começar a reconstruir o casamento. Deus nos perdoou de tão mais. Certamente podemos seguir Seu exemplo e perdoar até mesmo o pecado do adultério (Efésios 4:32). Entretanto, em muitos casos, o cônjuge não se arrepende e continua na imoralidade sexual. É aí que Mateus 19:9 pode possivelmente ser aplicado. Muitos também se apressam a entrar em um novo casamento depois de um divórcio, quando Deus pode estar querendo que continuem solteiros. Deus às vezes chama alguém para ser solteiro a fim de que sua atenção não seja dividida (I Coríntios 7:32-35). Um novo casamento após um divórcio pode ser uma opção em alguns casos, mas não significa que seja a única opção.

A Bíblia deixa bem claro que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16) e que a reconciliação e o perdão devem caracterizar a vida de um crente (Lucas 11:4; Efésios 4:32). No entanto, Deus reconhece que o divórcio ocorrerá, mesmo entre Seus filhos. Um crente divorciado e/ou recasado não deve se sentir menos amado por Deus, mesmo se o divórcio e/ou novo casamento não for coberto pela possível cláusula de exceção de Mateus 19:9.
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