Lição 13 - Josias, o Último Monarca Benevolente de Judá
"Porque nunca se celebrou tal Páscoa como esta desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco dos reis de Judá" - II Rs 23.22
Texto Bíblico Básico: II Crônicas 35.20-27
O REI JOSIAS
Josias foi um rei de Judá que reinou aproximadamente por 31 anos, entre 640 a.C. e 609 a.C. A história do rei Josias na Bíblia está registrada nos livros de 2 Reis, capítulos 22 e 23, e 2 Crônicas, capítulos 34 e 35, além de outras referências nos livros dos profetas Jeremias e Sofonias.
Quando se fala em quem foi Josias, logo se faz referência as reformas promovidas por ele, que foram, sem dúvida, a marca de seu reinado. O nome Josias significa “Javé sustenta”, do original Yo’shiyahu, ou Yo’shiyah.
Josias era filho de Amom e neto de Manassés. Ambos foram reis de Judá, mas seus reinados foram caracterizados por grande apostasia. Embora tenha mostrado arrependimento no final de sua vida, Manassés foi um dos piores reis da história do Reino de Sul, e seu filho, Amom, seguiu pelo mesmo caminho.
Josias se tonou rei quando tinha 8 anos de idade em aproximadamente 640 ou 639 a.C., com a interferência do “povo da terra”, um movimento popular que também foi o responsável por eliminar os assassinos de seu pai (2Rs 21:24; 2Cr 33:25).
O nascimento do rei Josias, bem como a escolha de seu nome, foram previstos na época de Jeroboão I (1Rs 13:2).
O reinado do rei Josias
O rei Josias foi um dos bons reis de Judá. Diferente de seu pai e avô, Josias prezou pelo culto ao verdadeiro Deus. O cronista escreveu dizendo que no oitavo ano de seu reinado, ou seja, quando tinha 16 anos de idade, o rei “começou a buscar o Deus de Davi, seu pai” (2Cr 34:3). Josias era descendente do rei Davi.
No décimo segundo ano de seu reinado, portanto com aproximadamente 20 anos de idade, o rei Josias deu início efetivamente às reformas em Jerusalém e Judá, alcançando, inclusive, o norte de Israel. É interessante saber que o profeta Jeremias começou seu ministério como profeta durante o reinado de Josias, no décimo terceiro ano, em aproximadamente 626 a.C. (Jr 1:2).
As reformas do rei Josias
Embora pode-se dizer que as reformas promovidas pelo rei Josias tiveram suas raízes fixadas quando ele pessoalmente abandonou a idolatria e o politeísmo que dominavam a religião corrupta de Judá naquela época (2Cr 34:3), tais reformas começaram a impactar a nação quatro anos depois, e alcançou seu clímax no décimo oitavo ano de seu reinado, quando o livro da Lei foi encontrado (2Rs 22:8; 2Cr 34:14,15).
O rei havia interrompido a adoração aos falsos deuses em Judá, destruindo altares que serviam ao paganismo. Ele também providenciou que o Templo recebesse os reparos necessários, e foi durante essa época que o sumo sacerdote Hilquias encontrou o livro da Lei no Templo.
Os estudiosos debatem sobre o que teria sido exatamente o “livro da Lei”. A melhor hipótese é que ele tenha sido o livro de Deuteronômio, ou pelo menos uma obra que continha esse livro como parte fundamental.
Seja como for, o que se sabe é que esse livro foi muito importante na sequência das reformas de Josias. Quando o livro foi encontrado e Josias teve ciência de seu conteúdo, ele entendeu que o povo havia estado em terrível rebeldia contra Deus, e por isso seria alvo do juízo divino. Então rapidamente ele pediu que o Senhor fosse consultado, ou seja, ele queria ouvir um parecer profético, e na ocasião a profetisa Hulda foi procurada.
A mensagem de Deus através de Hulda esclarecia que o povo realmente seria castigado devido ao pecado, porém tal castigo seria adiado para após os dias de Josias, visto seu arrependimento sincero e zelo para com o culto a Deus.
Assim, houve em Judá a renovação da aliança, a centralização da adoração em Jerusalém, e a purificação da nação com a eliminação de toda forma de adoração pagã (2Rs 23:19,20; 2Cr 34:67). O rei Josias também organizou a maior celebração da Páscoa desde o tempo dos juízes (2Cr 35:18). Antes dele, o rei Ezequias também promoveu uma reforma e a celebração da Páscoa, porém a reforma liderada por Josias foi mais completa e extensa (cf. 2Rs 23:13).
Apesar de tudo isso, o profeta Jeremias deixou claro que tais reformas foram apenas superficiais e temporárias (Jr 2-6; 11), ou seja, não houve no povo um arrependimento genuíno e duradouro, inclusive, com o povo voltando rapidamente à idolatria após a sua morte. O profeta Jeremias também demonstrou apreço quando escreveu sobre a justiça durante o reinado de Josias (Jr 22).
A morte do rei Josias
A morte de Josias ocorreu de forma trágica e precoce na batalha de Megido em 609 a.C. Naquela época os assírios estavam em conflito contra os babilônios, e o Faraó Neco II, do Egito, estava liderando uma empreitada para tentar ajudar os assírios em Harã.
De forma imprudente e insensata, o rei Josias considerou as manobras do rei do Egito como representando ameaças ao seu reino, e inconsequentemente lhe fez oposição e acabou sendo morto (2Rs 23:25-30-; 2Cr 35:20-24).
O rei Josias foi sucedido por Joacaz, seu filho, porém este reinou durante apenas 3 meses e foi exilado por Neco II, que colocou em seu lugar como rei de Judá Jeoaquim, seu irmão. Nesse momento a independência política de Judá foi completamente comprometida, ficando sob o domínio do Egito.
Os eventos seguintes da história daquele povo acabaram culminando no exílio na Babilônia, onde o juízo de Deus foi derramado, e pelas mãos do rei Nabucodonosor Jerusalém foi destruída. Com base nisso, pode-se dizer que o rei Josias foi o último monarca bom e comprometido com a adoração a Deus antes do cativeiro.
O escritor do livro de 2 Reis, falando sobre ele, escreveu que no Reino do Sul “antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a Lei de Moisés; e, depois dele, nunca se levantou outro tal” (2 Rs 23:25). Além de Jeremias e Hulda, o rei Josias também foi contemporâneo do profeta Sofonias.
Mais tarde, no Novo Testamento, o rei Josias aparece como um dos nomes citados na genealogia de Jesus registrada pelo apóstolo Mateus (Mt 1). Além dele, a Bíblia também menciona outro Josias que foi um judeu contemporâneo do profeta Zacarias (Zc 6:10).
O QUE APRENDEMOS COM O REI JOSIAS
O rei Josias acreditava que grandes transformações são possíveis quando estamos no centro da vontade de Deus. Por que não fazemos como ele? Talvez porque não somos reis ou rainhas, não temos tanto poder. Mas talvez seja simplesmente porque não temos uma boa dose de fé e convicção.
Precisamos acreditar que trabalhar para que a sociedade se aproxime de Deus e dos seus princípios é a única saída para conter a nossa maldade e os efeitos desastrosos dela sobre nossas crianças.
Tradições perversas precisam ser quebradas
Josias assumiu o trono de Judá no ano 640 a.C. com apenas 8 anos de idade. Seu avô, o rei Manassés, tinha sido um terrível governante, como avaliou o escritor de 2 Reis: “Manassés também derramou tanto sangue inocente que encheu Jerusalém de um lado a outro; além disso levou Judá a cometer pecado, a fim de que fizessem o que o Senhor reprova” (2 Rs 21.16, NVI).
Josias, ao contrário de seu avô, começou a buscar ao Deus verdadeiro com apenas 16 anos. Aos 20 começou uma grande reforma em Judá com o alvo expresso de fazer o seu povo voltar aos caminhos do Senhor.
Ao refletir sobre o drama vivido por tantas crianças no Brasil, fui obrigada a reconhecer um sentimento de impotência em mim. Não adianta, pensei, não vamos jamais conseguir mudar esta realidade. E foi aí que me lembrei de Josias.
Se um rei tão jovem foi capaz de devolver Deus a um povo corrupto e idólatra, porque nós, filhos deste mesmo Deus, não nos julgamos capazes de levantar a bandeira da justiça e benignidade para todos, especialmente para as crianças e adolescentes em nossas comunidades? Você acha mesmo que podemos lavar nossas mãos dessa responsabilidade? Que Ele não cobrará de nós ações concretas de defesa, apoio, cuidado e promoção daqueles que Ele considera como importantes no seu Reino?
Afastar-se de Deus: uma tendência antiga
Na verdade, o que o rei Josias tinha diante de si era algo tão terrível quanto o que temos presenciado em nossos dias. O afastamento de Deus era evidente de muitas formas. Praticavam o culto à deusa Astarote com orgias e a prática da prostituição cultual. Chegaram a acomodar prostitutos cultuais nas dependências do templo! Tratavam com completo descaso a Lei de Moisés e por isto os ricos oprimiam e saqueavam os pobres fazendo-os seus servos. Pior ainda, passaram a sacrificar seus próprios filhos e filhas. Havia, do lado de fora de Jerusalém uma pira num local chamado Tofete, no vale de Ben-Hinom onde as crianças eram sacrificadas.
Dois reis, Acaz e Manasssés, sacrificaram seus próprios filhos. Os profetas denunciaram esta prática como a gota d’água que fez entornar o copo da ira de Deus contra seu povo.
O sacrifício de crianças era prática relativamente comum nos rituais dos povos vizinhos a Israel. Nas escavações de Gezer e, em vários outros locais por toda a Palestina, foram encontrados potes de barro nos quais eram sacrificados bebês sempre em associação com a pedra fundamental da casa. Dedicava-se uma casa por meio do sacrifício de um bebê!
Josias compartilhava do ódio de Deus contra esta prática. Ele destruiu todos os altares erguidos por Salomão aos falsos deuses Baal, Camos, Moloque e à deusa Astarote. Há registros na Bíblia de sacrifícios de filhos ou filhas para os três primeiros. Depois, ele destruiu a pira do vale de Ben-Hinom para “que ninguém mais pudesse usá-lo para queimar seu filho ou filha em sacrifício a Moloque” (2 Rs 23.10, NVI).
Afastar-se de Deus: a raiz de todos os males
No entanto, Josias sabia que o sacrifício infantil não era causa e sim consequência. E qual era a causa para tamanha degradação moral? A idolatria. Para que houvesse transformação social era necessário atacá-la com estratégias bem claras. Josias se mostrou incansável nesta luta. No final de sua vida o narrador de 2 Crônicas declara: “E enquanto ele viveu, o povo não deixou de seguir o Senhor, o Deus dos seus antepassados” (2 Cr 34.39, NVI).
Toda idolatria faz das crianças suas principais vítimas. A idolatria é, afinal, desviar a honra e devoção devidas a Deus para qualquer outra criatura, com o objetivo final de colocar o ser humano no centro. É colocar o nosso desejo acima da vontade de Deus. E quando damos vazão aos nossos desejos, a nossa maldade não tem limites. Os mais fracos se tornam oprimidos pelos mais fortes e todos sabemos que as crianças são mais vulneráveis.
O pecado da idolatria na antiguidade fazia com que o povo desse as costas a Deus, para buscar a proteção e o favor de deuses falsos e sabidamente maus, mas que podiam ser manipulados. A consequência: sacrifício infantil.
Afastar-se de Deus: tendência moderna
O pecado da idolatria hoje — você acha mesmo que estamos livres dela? — nos leva ao afastamento de Deus para buscar nossos próprios interesses. Cultuamos a nós mesmos! E como consequência nossas crianças são maltratadas e envolvidas nos pecados dos adultos; são negligenciadas e abandonadas em todas as classes sociais; são exploradas como objetos por uma sociedade cada vez mais consumista e determinada a satisfazer seus desejos de prazer, lucro e poder; são mortas.
Precisamos combater a idolatria moderna, começando com a nossa própria. O que orienta as nossas ações? É mesmo a vontade de Deus? Mas não podemos parar aí. Se formos, de fato, convictos de que a justiça de Deus significa boas novas para os que nada têm e nada são, então nossa atuação na sociedade será de luta pelos que têm seus direitos sistematicamente desrespeitados e combate aos maus tratos e violência em todas as esferas.
Usaremos todas as armas ao nosso dispor: alianças com o poder público, cobrança de políticas públicas adequadas, campanhas de convencimento da população, apoio a leis justas, repúdio a leis que são contrárias a Deus, etc.
Voltando para Deus
Assim como Josias sabia o que Deus queria de seu povo, sabemos o que Deus quer para nossas crianças hoje. Como Josias, sabemos que a nossa sociedade está à beira da falência e que precisa de uma grande reforma. Como Josias, sabemos que o problema, além de ser uma questão que envolve o Estado, a sociedade, a igreja e a cultura em geral, é um problema cuja origem é essencialmente espiritual. Voltemos para Deus!
FONTE DE PESQUISA
https://www.ultimato.com.br/conteudo/josias-o-rei-que-ousou-transformar-sua-realidade
https://estiloadoracao.com/historia-do-rei-josias/
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