Galera de Cristo 02 - O Tempo de Deus
"Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor - Isaías 55.8
JEREMIAS E O CATIVEIRO BABILÔNICO
O profeta Jeremias viveu numa época que tinha como pano de fundo a disputa por um vasto território conhecido como Fértil crescente, que vai do Egito à Mesopotâmia. Enfrentavam-se pelo controle dessa região três grandes potências da época: Egito, Assíria e Babilônia. Em 671, cerca de duas décadas antes do nascimento do profeta, a Assíria conquistara o Egito. Enquanto isso, a Babilônia, a mais nova potência emergente, reunia forças para impor sua hegemonia sobre a região. Em 612 Nínive, capital da Assíria caiu nas mãos dos babilônios.
No meio dessa disputa estava Judá, que se encontrava dividida em relação a quem deveria apoiar. Um partido apoiava o Egito, outro a Assíria e outro a Babilônia. Jeremias, um levita do interior, natural de Anatot, pequena vila a poucos quilômetros de Jerusalém, insistia que Judá deveria se render aos babilônios. Colocando-se como porta voz de Yahweh declarou: “Eu fiz a terra, os seres humanos e os animais que nela estão [...]. Agora, sou eu mesmo que entrego todas essas nações nas mãos do meu servo Nabucodonosor, rei da Babilônia” (Jr 27,5-6). Sua mensagem foi um escândalo para os judaítas. Por causa do desprezo que vinha de todos os lados lamentou: “maldito seja o dia em que eu nasci” (Jr 20,14), ou ainda “Sou ridicularizado o dia inteiro; todos zombam de mim” (Jr 20,7).
Jeremias nasceu durante a ditadura do rei Manassés, que foi sucedido por Amom, um sanguinário ditador. Uma revolta popular matou Amom e o pequeno Josias, com apenas 8 anos assumiu o trono, obviamente auxiliado por tutores. Josias acabou morto pelo faraó Neco, que seguia em direção à Assíria para lhe prestar ajuda contra a Babilônia. Com a morte de Josias subiu ao trono seu filho Joaquim, um rei explorador e oportunista. Foi nesse período que Jeremias exerceu intensa atividade profética, denunciando as falsas seguranças e a injustiça.
Em 598 a.C. os trágicos anúncios do profeta se cumpriram. Nabucodonosor, rei da Babilônia, cercou Jerusalém e o rei de Judá, impotente, se rendeu. O templo foi profanado e seus tesouros levados para a Babilônia. Parte da elite do povo também foi levada para o cativeiro, com o intuito de impedir qualquer possibilidade de revolta. Dez anos depois o rei Sedecias, que havia sido colocado no trono pelos babilônios, deixou de pagar impostos. A reação da Babilônia foi imediata e violenta. Em 587 Jerusalém foi totalmente destruída.
Foi assim que Jerusalém foi tomada: No nono ano do reinado de Zedequias [...] Nabucodonosor, rei da Babilônia, marchou contra Jerusalém com todo seu exército e a sitiou. Em Ribla, o rei da Babilônia mandou executar os filhos de Zedequias diante dos seus olhos, e também matou todos os nobres de Judá. Mandou furar os olhos de Zedequias e prendê-lo com correntes de bronze para levá-lo para a Babilônia. Os babilônios incendiaram o palácio real e as casas do povo, e derrubaram os muros de Jerusalém (Jr 39,1-8).
Em Judá ficou somente o povo da terra (2 Rs 25, 8-12). O livro de Lamentações, expressa a dor pela destruição da cidade: “Todo o esplendor fugiu da cidade de Sião. Seus líderes são como corças que não encontram pastagem; sem forças fugiram diante do perseguidor” (Lm 1,6). O Salmo 137,1 também nos dá uma nítida mostra da aflição que se abatia sobre o povo: “Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião”.
Jeremias morreu por volta de 580, exilado no Egito. Uma tradição judaica diz que ele foi apedrejado até a morte por compatriotas que junto com ele fugiram para lá. A alcunha de profeta chorão não lhe cabe bem. Um profeta que anunciou desgraças ao seu próprio povo mesmo quando preso a um tronco ou numa cisterna cheia de lama merece um título mais justo.
A AÇÃO DE DEUS
”Porque a visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim, e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. ” (Hc 2:3)
Em muitas passagens do salmos 42 vemos muitas emoções em conflito. Emoções como tristeza,alegria, incredulidade e incerteza permeiam neste salmo. No começo deste salmo a confiança em deus conflitua com a dúvida da incerteza do futuro. (Sl 42:3;6;8)
Aquele que espera em Deus deve entender o tempo de Deus em sua vida. E o tempo de Deus não pode ser medido, como o nosso tempo. Na linguagem grega este tempo se chama KAIROS, que para os cristãos é o tempo da plenitude de Deus.
Salomão disse no livro de eclesiastes que há um tempo para tudo e um tempo para todo propósito debaixo do céu (Ec 3:1 ).
Muitas pessoas não tem paciência em esperar esse tempo. Muitas pessaos não tem paciência em esperar em deus, por isso se precipitam em suas ações. Diz a palavra de Deus que peca quem é precipitado (Pv 19:2).
É normal que haja conflito em nossas emoções quando estamos debilitados na nossa alma, e que a precipitação queira tomar conta de nossa vida. Muitas vezes o nosso EU diz: “Faça Hoje!”, mas o Senhor quer também nos dizer: “espere no tempo certo”.
Talvez muitas vidas tivessem outro destino.
Podemos citar o caso da precipitação de Abraão com Agar.(Gn cap 16 e 21).
O que seria do destino da nação israelita se tivessem esperado o tempo oportuno de Deus
e reconhecido Jesus como Messias?
Aliás escrevi isso num outro artigo que se chama: Precpitação
Quando a paciência perde lugar para a ansiedade o que podemos ver que é um resultado contrário ao propósito e as promessas de Deus em nossa vida. Uma atitude precipitada muitas vezes impede que as bençãos do Senhor venham em nossa vida.
Muitas pessoas por não querer esperar o tempo de Deus acabam tomando decisões precipitadas em várias áreas de sua vida.
Vemos isso em relacionamentos, em trabalhos e no serviço da própria igreja do Senhor.
Creio que hoje, se muitas pessoas tivessem uma outra chance e uma nova oportunidade de refletir, gostariam de voltar atrás em muitas de sua decisões. Acredito que muitos prefeririam “esperar em Deus no Seu tempo”.
O profeta Jeremias também passou por sofrimento e vivendo um conflito de emoções em sua vida dá uma dica para aqueles que querem esperar em Deus, mesmo em meio as aflições:
Diz a palavra de Deus:
Minha alma continua os recorda e se abate dentro de mim.
Mas quero trazer a memória, o que me pode dar esperança (Lm 3:21)
Traga a sua memória o que pode lhe trazer esperança !
Pois uma pessoa cheia de esperança pode superar quase tudo !
Pense nas coisas do Alto (Cl 3:2)
Enquanto olharmos para a situação, nunca alcançaremos a salvação que vem do Senhor. Trazer a memória é fazer voltar o coração ao tempo das boas lembranças. É recordar dos bons momentos, até porque a nossa vida não se resume em aflições, mas de momentos de felicidade e alegria. É olhar para frente e não para trás. É saber que o melhor de Deus ainda está por vir. É saber que o Senhor é bom e sua misericórdias não tem fim, elas se renovam a cada manhã.
Não olhando para a “terra arrasada e assolada”, mas olhando com os olhos da fé, como Abraão. Devemos olhar pela fé a nossa vida construída e alicersada em Deus. Devemos olhar para o alto, para o autor e consumador de nossa fé, JESUS, para que possamos enxergar
e esperar um futuro com confiança em Deus, pois só Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3:20)
Eu, porém, olharei para o SENHOR; esperarei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá. (Mq 7:7)
FONTES DE PESQUISA
https://estudos.gospelmais.com.br/esperar-em-deus-no-tempo-oportuno.html
http://numinosumteologia.blogspot.com.br/2011/10/profeta-jeremias-um-breve-contexto.html
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