Lição 07 - A Soberania de Deus (Soli Deo Glória)

"Eu Sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois a outrem não darei, nem o meu louvor; às imagens de escultura" - Isaías 42.8

Texto Bíblico Básico: Êxodo 20.1-5a; Romanos 11.33-36; Salmo 33.10,11


O ENTENDIMENTO ROMANO ACERCA DA VENERAÇÃO
Em oposição à teologia romana da Idade Média, uma das bandeiras dos reformadores era uma defesa dos dois primeiros mandamentos. Diante da veneração aos santos, às relíquias e aos padroeiros, eles defenderam corajosamente que somente Deus é digno de glória.
Imagem relacionadaA teologia reformada admite que muitos irmãos do passado se destacaram pela sua vida cristã, mas, ao mesmo tempo, insiste em afirmar que somente Deus deve ser adorado. Veremos, também, formas evangélicas de canonização e endeusamento de pessoas e aprenderemos a nos posicionar diante desse fenômeno pós-moderno com sabedoria e firmeza.

O Deus único em oposição às imagens

Outro ponto fundamental da teologia reformada é conhecido pela expressão latina que dá título a esta lição: Soli Deo gloria (glória somente a Deus). Com essa bandeira, os reformados enfatizam o ensino bíblico de que somente Deus merece adoração, refletindo, assim, o ensinamento da singularidade de Deus.
De acordo com a Escritura, não há mais de um Deus. Há um só Deus vivo e verdadeiro. Na prática, essa doutrina bíblica não apenas proíbe a adoração de qualquer criatura, tais como anjos, santos e relíquias, mas também a adoração do Deus de Israel na forma de qualquer criatura.
Antes de passarmos ao estudo, é muito importante delimitarmos a questão que será abordada aqui. A questão não é se irmãos piedosos do passado devem ser respeitados e honrados por sua fé e até mesmo imitados em sua fidelidade ao Senhor. A Escritura não se opõe a isso (Lc 1.48; Mc 14.9). A questão é se esses irmãos piedosos do passado devem ser adorados.
Com relação à prática católica romana, é notório que a adoração aos santos é uma das partes principais de sua vida devocional. Os santos são honrados com templos, capelas, altares, missas, festas e dádivas que são oferecidas a eles, bem como com orações, juramentos e votos. De modo geral, eles são invocados como intercessores, protetores do mal e concessores de bênçãos. Vejamos o que a Escritura tem a nos dizer sobre cada uma dessas atividades atribuídas aos santos.
  • Intercessão
A Escritura afirma que temos um intercessor diante de Deus: Jesus Cristo (Rm 8.33-34). O autor da carta aos Hebreus diz que “por isso, [Cristo] também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25). A Escritura é clara ao afirmar que “há um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”. Portanto, não há base escriturística para a doutrina de que os santos intercedem por nós junto a Deus.
  • Proteção contra o mal
A Escritura tem um ensinamento sobre isso. O próprio Jesus nos ensinou a orar: “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt 6.13). Quem pode nos livrar do mal, segundo a Escritura, é o próprio Deus. Foi ele que permitiu que Jó fosse tocado em sua prosperidade, em sua família e fosse afligido do alto da cabeça à sola dos pés (Jó 1.12; 2.6) e foi ele que impediu que os leões abrissem a boca contra Daniel (Dn 6.22). É Deus quem pode nos livrar do mal, segundo a sua vontade, e é ele quem pode permitir que o mal nos alcance, para sua glória e nosso benefício final e eterno.
  • Concessão de bênçãos
De acordo com a teologia católica romana, os santos são nossos mediadores diante de Deus e, assim, podem obter benefícios temporais e espirituais para nós não somente por suas orações, mas também por seus méritos. Por serem puros, merecem ter seus pedidos atendidos por Deus. A Escritura afirma que é Deus “quem a todos dá vida, respiração e tudo mais” (At 17.25). É Deus quem faz vir a chuva “sobre justos e injustos” (Mt 5.45). O salmo 104 é um longo louvor a Deus por ser o Criador e o Sustentador de tudo o que existe. Quem concede bênçãos é Deus, não outro.
Os ensinamentos da Escritura, associados ao fato de que não há sequer um preceito, uma promessa ou um só exemplo de adoração aos santos em toda a Escritura formam a base da doutrina reformada de que somente Deus deve ser adorado.
Alguns teólogos católicos romanos tentam se livrar do peso da doutrina reformada alegando haver uma distinção entre as palavras gregas latreia edouleia. Segundo eles, o termo latreia significa a adoração que deve ser dada somente a Deus. A veneração aos santos é descrita como douleia, por isso, segundo eles, a adoração, veneração e invocação de santos não pode ser considerada idolatria.
Sobre isso, precisa ser dito que a Escritura não reconhece a distinção católica romana entre latreia e douleia, mas reivindica adoração somente a Deus. No Novo Testamento, a palavra grega latreia só é usada como referência à adoração a Deus. No entanto, a palavra douleia também é usada nesse mesmo sentido (Mt 6.24 – servir; Rm 12.11 – servindo ao Senhor; 1Ts 1.9 – servirdes o Deus vivo). Portanto, essa distinção feita pelos teólogos católicos romanos não tem apoio na Escritura.
Em resumo, segundo a Bíblia, toda adoração ou invocação religiosa dirigida a qualquer ser que não a Deus é uma adoração idólatra (Rm 1.25).

O Deus único em oposição às relíquias e aos padroeiros

Uma extensão da adoração aos santos é a adoração às suas relíquias. Relíquias são objetos pertencentes ou supostamente pertencentes a cristãos piedosos do passado que, no decorrer do tempo, foram canonizados. Entre essas relíquias encontramos fiapos de roupas, retalhos de mantos, pedaços de unhas e dentes, fios de cabelo, ossos e vários outros objetos e pedaços do corpo. Como em nenhum lugar a Escritura fundamenta este tipo de adoração, nem ordena que seja realizada, nem atribui alguma promessa a ela, nem dá exemplo que deva ser seguido, a teologia reformada considera esse tipo de adoração como uma superstição religiosa.
No governo do imperador Constantino, começou a ocorrer a exumação de cadáveres de cristãos piedosos para que fossem enterrados em lugares mais vistosos. Isso foi ordenado pelo próprio imperador. Ele queria que as solenidades das religiões pagãs fossem assimiladas pelo cristianismo para tornar a religião cristã mais aceitável aos pagãos. Quando viu os pagãos transferindo, com grande pompa e solenidade os cadáveres de reis e líderes religiosos que tinham sido sepultados em lugares obscuros para sepulcros tão esplêndidos que se tornaram verdadeiros monumentos, ele pensou que essa honra devia ser dada aos grandes líderes e mártires cristãos. Porém, quando os restos mortais desses irmãos começaram a ser exumados e transportados, os cristãos passaram a vê-los como protetores do país ou cidade para os quais os corpos eram levados. Foi daí que surgiu a ideia de “santos padroeiros”, que passaram a ser invocados e adorados.
A Escritura, além de condenar a invocação e a adoração de qualquer criatura em lugar de Deus, nada tem a dizer sobre jurisdições confiadas aos santos. Ela relata, porém, o sepultamento de crentes piedosos e a ação de Deus por meio desses irmãos. Por exemplo, Jacó e José pediram que seus corpos fossem levados do Egito para a terra prometida, mas não há registro de que seus corpos tenham sido adorados ou colocados no templo, nem carregados em procissões, nem colocados em altares. Seu pedido apenas refletia sua fé na promessa de Deus a respeito da terra prometida. Eles queriam que seus restos mortais fossem depositados na terra que Deus havia prometido dar aos descendentes de Abraão.
Há, no Antigo Testamento, o relato de que certo homem, ao ser sepultado, foi jogado às pressas sobre os ossos de Eliseu e, ao tocá-los, ressuscitou. Este acontecimento é eventualmente usado por aqueles que creem no poder das relíquias, mas o fato é que nem antes nem depois do milagre os ossos de Eliseu foram adorados nem seu túmulo foi transformado em centro de peregrinação religiosa.
No Novo Testamento, há o relato de que a simples colocação de um enfermo sob a sombra de Pedro foi suficiente para que ele fosse curado (At 5.15-16). Não há, porém, um só indício na Escritura de que Pedro tenha aceitado adoração ou tenha assumido o papel de Mediador da nova aliança. Há um relato semelhante sobre Paulo (At 19.12). Este, porém, em preceito e exemplo, mostra claramente que a criatura não deve ser adorada em lugar do Criador. O preceito é encontrado em Romanos 1.25, e o exemplo é visto quando ele claramente rejeita a adoração que os habitantes de Listra queriam prestar a ele depois da cura de um coxo (At 14.8-18).
Há, ainda, outra forma de adoração proibida na Escritura. Além de proibir a adoração de qualquer ser além de Deus, a Escritura também proíbe a adoração de Deus por meio de qualquer representação (Dt 5.8-9).
Na Escritura, todas as imagens feitas para a adoração algum deus são chamadas de ídolos. Isso acontece, por exemplo, com o bezerro de ouro (At 7.41), com o ídolo de Mica (Jz 17.3-4) e com os ídolos de Jeroboão (1Rs 12.28). Portanto, quando uma pessoa diz que, curvando-se a uma imagem ou dirigindo a ela orações, está, na verdade, curvando-se diante de Deus e dirigindo suas orações a ele, essa pessoa está relatando uma prática totalmente estranha à Escritura.
Há quem tente usar os querubins que ficavam sobre a arca da aliança e a serpente de bronze como fundamento para o uso de imagens. No entanto, há que se observar que nem o querubim nem a serpente de bronze foram adorados. Deus, de fato, disse que falaria a Moisés do meio dos querubins (Êx 25.22), mas em nenhum lugar ele ordena que Moisés os adore. Aliás, eles ficavam fora da vista do povo, sobre a arca, no Santo dos Santos. Quanto à serpente de bronze, ela foi completamente destruída pelo piedoso rei Ezequias justamente porque os judeus começaram a adorá-la (2Rs 18.4).
O QUE É A GLÓRIA DE DEUS?
Usamos a frase glória de Deus com tanta frequência que ela tende a perder sua força bíblica. Mas essa glória, como o sol, não é menos ardente - e não menos benéfica - porque as pessoas a ignoram. No entanto, Deus odeia ser ignorado. “Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que não vos despedace, sem haver quem vos livre”. (Salmo 50:22). Então, vamos nos concentrar novamente na glória de Deus. O que é a glória de Deus e quão importante ela é?
A glória de Deus é a santidade de Deus colocada em exposição. Isto é, o valor infinito de Deus manifestado. Perceba como Isaías muda de “santo” para “glória”: “E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória”. (Isaías 6:3). Quando a santidade de Deus enche a terra para que as pessoas vejam, ela chama-se glória.
O significado básico de santo é “separado do comum”. Assim sendo, a santidade de Deus é a sua infinita “separação” de tudo o que é comum. É isso que o faz ser o único infinito - como o diamante mais raro e mais perfeito do mundo - só que não existem outros deuses-diamantes. A singularidade de Deus como sendo o único Deus - Sua “Divindade” - o faz infinitamente valioso e santo.
Ao falar da glória de Deus, a Bíblia admite que este valor infinito teve sua entrada na criação. Brilhou, assim como era. A glória de Deus é o resplendor da sua santidade, a irradiação do seu valor infinito. E quando ela flui, é vista como bela e grandiosa. Ela tem tanto a qualidade de ser infinita quanto a magnitude. Desta forma, podemos definir a glória de Deus como a beleza e a grandeza da sua multiforme perfeição.
Digo “multiforme perfeição”, porque a Bíblia diz que aspectos específicos do ser de Deus contêm glória. Por exemplo, lemos sobre a “gloriosa graça” (Efésios 1:6) e “a glória do seu poder” (2 Tessalonicenses 1:9). O próprio Deus é glorioso, pois ele é a perfeita união de todas as suas multiformes e gloriosas perfeições.
Mas esta definição deve ser qualificada. A Bíblia também fala da glória de Deus antes de ser revelada na criação. Por exemplo, Jesus orou: “e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (João 17:5). Portanto, quero sugerir a seguinte definição: A glória de Deus é o esplendor externo da beleza intrínseca e grandeza da sua multiforme perfeição.
Estou ciente de que palavras apontam para uma definição muito pobre. Eu substituí uma palavra inadequada-glória-por duas palavras inadequadas - beleza e grandeza. No entanto, Deus se revelou a nós em palavras como “a glória de Deus”. Portanto, elas não são palavras sem sentido.
Devemos constantemente nos lembrar de que estamos falando de uma glória que está além de qualquer comparação na criação. “A glória de Deus” é como designamos a beleza e a grandeza infinita da Pessoa que existia antes de qualquer coisa. Essa beleza e grandeza existem sem origem, sem comparação, sem analogia, sem serem julgadas por qualquer critério externo. A glória de Deus é definitiva, o padrão absolutamente original de grandeza e beleza. Toda a grandeza e beleza criadas vêm dela e aponta para ela, mas não podem reproduzi-la de forma adequada e em sua abrangência.
“A glória de Deus” é uma forma de dizer que há uma realidade objetiva e absoluta para a qual apontam todas as maravilhas, respeito, veneração, louvor, honra, elogio e adoração dos seres humanos. Nós fomos feitos para encontrar o nosso mais profundo prazer em admirar o infinitamente admirável - a glória de Deus. Essa glória não é a projeção psicológica do desejo humano insatisfeito sobre a realidade. Pelo contrário, o desejo inconsolável do ser humano é a evidência de que fomos feitos para a glória de Deus.
Quão central é a glória de Deus?
A glória de Deus é o objetivo de todas as coisas (1 Coríntios 10:31;Isaías 43:6-7). A grande missão da Igreja é declarar a glória de Deus entre as nações. “Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas”. (Salmo 96:1-3; Ezequiel 39:21; Isaías 66:18-19).
Qual é a nossa esperança?
Nossa máxima esperança é ver a glória de Deus. “E gloriamo-nos na esperança da glória de Deus” (Romanos 5:2). Deus irá “vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória” (Judas 24). Ele irá “conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (Romanos 9:23). Jesus, em toda a sua pessoa e obra, é a encarnação e revelação máxima da glória de Deus (João 17:24; Hebreus 1:3).
Além disso, não somente veremos a glória de Deus, mas também teremos participação, em algum sentido, em sua glória. “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada” (1 Pedro 5:1). “Aos que justificou, a esses também glorificou” (Romanos 8:30). A esperança que é verdadeiramente conhecida e estimada tem um efeito decisivo sobre os nossos valores, escolhas e ações hoje.
Valorizando a Glória de Deus
Conheça a glória de Deus. Estude a glória de Deus, a glória de Cristo. Estude sua alma. Conheça as glórias pelas quais você é seduzido e porque você valoriza glórias que não são a glória de Deus.
Estude a sua própria alma para saber como fazer as glórias do mundo desmoronarem como Dagom, em pedaços miseráveis, ??no chão dos templos do mundo (1 Samuel 5:4). Tenha fome de ver e compartilhar mais da glória de Cristo, a imagem de Deus.
FONTES DE PESQUISA
http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/610/Soli_Deo_Gloria
http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/evangelizacao/soli-deo-gloria/

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