Galera de Cristo 08 - A Difícil Jornada

"Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês" 
I Pedro 1.17
PAPO SÉRIO
A HISTÓRIA DO POVO HEBREU

A história do povo de Israel começa com Abraão, aproximadamente 2.100 a C. Abraão morava na Mesopotâmia quando o Senhor o chamou e ordenou-lhe que andasse sobre a terra (Gn 12.1-9; 13.14-18). Andou com sua tribo por toda a terra de Canaã que futuramente viria a ser a terra escolhida por Deus para seu povo habitar. Obediente e temente ao Senhor, Abraão foi honrado por Deus, como o Pai de um povo incontável (Gn 15,4-6). Nasce Isaque (gn 21,1-7) que gerou Jacó (Gn 25,19-26; 25,29-34; 27,27-30), que gerou José (Gn 30,22-24). Anos mais tarde José foi vendido por seus irmãos ao Faraó do Egito (Gn 37). Por ser temente a Deus, José não foi desamparado pelo Senhor. Tornou-se um homem de confiança do Faraó, sendo promovido a Governador do Egito. (Gn 41,37-46). Trouxe sua família de Canaã, devido a grande fome que assolava a região. Uma vez no Egito, os familiares de José receberam terras do Faraó, para que pudessem cultivá-las. (Gn 46,1-7; 47,5-12). Assim, os hebreus começam a prosperar. No Egito, os hebreus foram abençoados por Deus de uma forma extraordinária: prosperaram tanto e se tornaram tão ricos e tão numerosos que assustaram os egípcios. RESULTADO: foram subjugados militarmente e submetidos à escravidão. (Ex 1,7-14). 

Porém, o Faraó ainda não estava totalmente satisfeito. Pretendia interromper de forma definitiva a expansão israelita. Decretou então, que todos os varões que nascessem nas famílias israelitas deveriam ser mortos (Ex 1,15-22). E assim foi feito e de forma cruel. Às meninas, entretanto, era dado o direito à vida. Um desses bebês, um garotinho, foi escondido por seus pais por três meses dos soldados egípcios. Porém, quando a vida do bebê passou a correr um perigo iminente, seus pais o colocaram numa cestinha de vime e o soltaram no Rio Nilo (Ex 2,1-10). A filha do Faraó, que se banhava as margens do Nilo, viu o cestinho descendo nas águas e ouviu o choro do bebê. Ela o resgatou e deu-lhe o nome de MOISÉS, que significa "retirado" ou "nascido das águas" (Ex 2,5-9). Sabendo tratar-se de um hebreu e sem condições de amamentá-lo, a Princesa entrega Moisés para sua própria mãe criá-lo, sem, contudo desconfiar disso. Moisés é criado e educado em ambiente palaciano, tornando-se um nobre. Aí vemos a mão de Deus: em meio a tantas outras mulheres que viviam no Egito, de várias nacionalidades, foi justamente a Princesa, filha do Faraó, quem o encontra e retira das águas. 

Passam-se os anos, Moisés descobre suas origens e vê a opressão em que seu povo vivia. Para defender um hebreu do castigo físico que lhe era infligido por um soldado egípcio, Moisés mata o soldado e atrai sobre si a fúria do  Faraó. No entanto, ele consegue fugir para a terra de Midiã (Ex 2,15). Ali, ele conhece Zípora, aquela que viria a se tornar sua esposa. Com o tempo, o Faraó que perseguia Moisés morre, mas seu filho, que havia sido criado junto a Moisés, assume o trono e continua com a política opressora do pai, para com os hebreus. Em sua infinita misericórdia, o Senhor Deus ouve o clamor do seu povo, se compadece e se manifesta a Moisés, enquanto este apascentava o rebanho de seu sogro, através de uma sarça em chamas e o conclama a voltar ao Egito e livrar o povo hebreu do jugo do Faraó (Ex 3).

..."Eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. Vai, te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo.". 
(EX 3,9-10)

Moisés, então, em companhia de seu irmão Aarão retorna ao Egito e tenta demover o Faraó, intercedendo junto a este pelo povo hebreu. O Faraó, como era de se esperar, não concorda com a proposta de Moisés e por diversas vezes o expulsa de sua presença. Deus, então, envia dez pragas sobre o povo egípcio e o Faraó, finalmente concorda em libertar o povo do cativeiro e deixá-los partir do Egito. (Ex 7-12; 12,37-51)
Confiante na palavra de Deus, Moisés lidera o povo hebreu por uma longa caminhada pelo deserto, de volta a Canaã. Eram aproximadamente 3 milhões de pessoas, porém este número hoje é questionável.

A CAMINHADA PELO DESERTO E A TRAVESSIA DO MAR VERMELHO

Para sair do Egito, Moisés poderia seguir por várias trilhas em direção à Palestina, não havendo necessidade de uma travessia pelo Mar Vermelho. Mas, para escapar dos egípcios, que decidiram recapturar os escravos em fuga, Moisés conduziu os hebreus através de um caminho incomum, atravessando o Mar Vermelho. Bem adestrado na arte militar e conhecedor da região, Moisés tomou um caminho árido e pedregoso, impraticável para os carros de combate.
A caminhada não foi fácil. Sob a liderança de Moisés, os hebreus penetraram no deserto rochoso que cobre a península do Sinai. A esmagadora maioria das pessoas que o seguiam, devido à rudeza da escravidão, era brutalizada, fraca de espírito e, embora mantivessem o ideal de liberdade, acabavam se rebelando. O povo rebelou-se diversas vezes contra Moisés e contra o Senhor. A incredulidade e a desobediência dos israelitas eram constantes.  Disposto a salvar seu povo, o Senhor dá a Moisés, no alto do Monte Sinai, o "Decálogo", símbolo da Aliança entre Deus e os homens. Entretanto, aquele povo ainda estava muito impregnado dos costumes com os quais conviveu por séculos a fio e não segue totalmente as novas leis ditadas por Deus. Seria necessário, então, que toda uma geração passasse para dar lugar à outra, livre e sem os traumas do sofrimento e da revolta, para formar uma unidade racial, política e religiosa, com características próprias e sob a égide de um Deus único. Por isso, 40 anos vagariam pelo deserto, até que morresse toda a geração escrava, para que só os nascidos em liberdade pudessem entrar na Terra Prometida. Foi nessas circunstâncias que aconteceram fatos que iriam influenciar a humanidade por séculos e que ainda hoje têm profundo significado. É muito difícil estabelecer uma cronologia da peregrinação do povo pelo deserto. Com certeza os 40 anos têm um significado simbólico. Trata-se de um período de purificação, quando os hebreus criam identidade, conhecem o seu Deus e tornam um povo, o Povo de Deus. Obviamente não se trata de uma caminhada contínua, mas de uma vida passada no deserto, buscando a Terra prometida, como povo nômade. 

O SIGNIFICADO BÍBLICO DO NÚMERO 40

Na mentalidade dos povos antigos, os números tinham um sentido simbólico. Muitas vezes significavam qualidade e não quantidade. Os orientais não sabiam falar sem recorrer ao simbolismo dos números e dos provérbios. Assim, por exemplo, para dizer que uma pessoa era virtuosa e abençoada por Deus, a Bíblia diz que tal pessoa viveu uma grande soma de anos. Com relação ao número 40 ele indica um tempo necessário de preparação para algo novo que ainda vai chegar: 40 dias e 40 noites do dilúvio (Gn 7,4-12); 40 dias e 40 noites passa Moisés no Monte Sinai (Ex 24,18;34,26); 40 anos foi o tempo de peregrinação pelo deserto (Num 14,33; Dt 8,2, etc.); JESUS jejuou 40 dias e 40 noites antes de começar o seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2); a Ascensão de Jesus acontece 40 dias depois da Ressurreição (At 1,3). Quando alguém errava, era corrigido com 40 chibatadas (Dt 25,3).

O DESERTO NOS DIAS DE HOJE
No deserto somos levados a depender totalmente da Misericórdia Divina. Todo o nosso conhecimento, sabedoria, riqueza e forças, não valem nada neste ambiente hostil. Deserto é lugar de milagres e manifestação do poder de Deus em nossas vidas! Ao longo dos anos passamos por vários "desertos": um emprego perdido, uma dívida altíssima, a morte de uma pessoa muito amada (pai, mãe, filhos), o fim de um casamento, o filho se consumindo em drogas... Seja qual for a situação, é dolorosa, sofrível, fatigante e desesperadora. Mas não é o fim, apenas um novo começo. E todo começo gera mudanças. E assim como o povo hebreu, não obstante os medos, inseguranças e incertezas lancemo-nos nos braços de Deus, rumo à "nova Canaã": um mundo de justiça, paz, igualdade, ética, amor!

PORQUE MOISÉS PEREGRINOU 40 ANOS NO DESERTO?
Penso que a melhor resposta vem depois da leitura do livro dos Números que narra esta epopéia do Povo de Deus a travessia do deserto rumo a terra prometida.
A resposta que vai ao encontro ao texto bíblico do livro dos Números é aquela em que Moisés andou por quarenta anos pelo deserto com o povo por causa da incredulidade do Povo. Deus havia prometido dar a terra prometida que jorrava leite e mel, mas por que duvidaram, murmuravam pela falta de água, criaram ídolos para eles, o bezerro de ouro e reclamavam até das cebolas do Egito que não comiam mais, e diziam ser impossível conquistar a terra. Por causa disto Deus se irritou com seu povo e fez com que eles andassem por quarenta anos. Mais ainda por causa da murmuração aquela geração não entraria na terra prometida e vagaram pelo deserto até que toda a geração morresse. O povo que viviam segundo praticas egípcias, nem um só entrou na terra prometida somente os netos.
Israel era um povo obstinado e desobediente e pagou um alto preço pela desobediência. Leia todo o Livro dos Números e você verá todos os fatos.
Todos viram o Mar Vermelho se abrindo, o pão do céu caindo, enfim muitos milagres, mas mesmo assim não acreditaram no Deus vivo.
Uma travessia no deserto até a terra prometida que deveria ter durado apenas alguns dias, devido a dureza do coração do povo que estava liberto da escravidão do Egito, Deus dificultou a jornada do povo para mostrar que só existia um Deus vivo e único e para provar a fé e o amor de todo aquele povo por Deus, até a terra prometida. Por causa destes motivos vagaram por 40 anos no deserto.
O velho testamento não é um livro formado por hipóteses, ou seja, não podemos afirmar como teria sido caso o povo tivesse mais obediência a Deus. Entretanto apesar de algumas “revoltas” e muita murmuração do povo, chegando inclusive a irritar Moisés, ou ainda o fato de parte do povo ter enfraquecido na fé e adorado um bezerro de ouro (durante um período em que Moisés subiu ao monte para falar com o Senhor), Deus se manteve fiel a suas promessas, e durante todo esse período proveu água e alimento, por exemplo, o maná que caía do céu. Até mesmo carne foi providenciada pelo Senhor, no momento que caiu do céu codornizes (aves).

FONTES DE PESQUISA
http://www.abiblia.org/ver.php?id=7462
http://www.infoescola.com/biblia/os-quarenta-anos-no-deserto/
http://www.webartigos.com/artigos/quarenta-anos-da-caminhada-do-povo-de-deus-no-deserto/77137/

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