Lição 06 - Alienação ou Militância Política?
"Quando os justos se engrandecem, o povo se alegra, mas, quando o ímpio domina, o povo suspira" - Provérbios 29.2
Texto Bíblico Básico: Romanos 13.1-7
POLÍTICA E RELIGIÃO SE MISTURAM?
A política nos tempos de Jesus. Se existe alguma coisa que vai desencadear um debate espontâneo, ou talvez uma verdadeira briga, é uma discussão que envolve política – até mesmo entre os cristãos. Como seguidores de Cristo, quais devem ser a nossa atitude e envolvimento com a política? Tem sido dito que "religião e política não se misturam" – será que isso é realmente verdade? Podemos ter opiniões políticas fora das considerações da nossa fé cristã? A resposta é não, não podemos. A Bíblia nos dá duas verdades sobre a nossa postura em relação à política e governo. Devemos compreender o fato de que o nosso governo não pode nos salvar! Só Deus pode. Nunca lemos no Novo Testamento sobre Jesus ou qualquer um dos apóstolos gastando qualquer tempo ou energia em ensinar os crentes a reformar o mundo pagão de suas práticas idólatras, imorais e corruptas através do governo. Os apóstolos nunca convidaram os crentes a demonstrar desobediência civil e protestar contra as leis injustas ou esquemas brutais do Império Romano. Em vez disso, os apóstolos ordenaram os cristãos do primeiro século, assim como nós hoje, a proclamar o evangelho e viver vidas que dão evidência clara do poder transformador do Evangelho. Um dos mais grandiosos enganos de Satanás é que podemos descansar a nossa esperança por moralidade cultural e vida piedosa em políticos e funcionários governamentais. A esperança por mudança de uma nação não se encontra nos líderes de qualquer país dominante. A igreja tem feito um erro se pensa que é o dever dos políticos defender, avançar e proteger as verdades bíblicas e valores cristãos. Os crentes de todas as épocas têm vivido, e até florescido, sob governos antagônicos, repressivos e pagãos. Isso era especialmente verdadeiro sobre os crentes do primeiro século que, sob regimes políticos impiedosos, sustentaram a sua fé sob imenso estresse cultural. Entendiam que eles, e não os governos, eram a luz do mundo e sal da terra. Aderiram ao ensinamento de Paulo de obedecer aos seus governantes, até mesmo honrar, respeitar e orar por eles (Romanos 13:1-8). Mais importante, entenderam que, como crentes, a sua esperança residia na proteção que apenas Deus fornece. O mesmo vale para nós hoje. Quando seguimos os ensinamentos das Escrituras, nós nos tornamos a luz do mundo, como Deus planejou que fôssemos (Mateus 5:16). As entidades políticas não são o salvador do mundo. A salvação de toda a humanidade tem sido manifestada em Jesus Cristo. Deus sabia que o nosso mundo precisava de salvação muitos antes de qualquer governo nacional ter sido fundado. Ele mostrou ao mundo que a redenção não poderia ser realizada através do poder do homem, sua força econômica, sua força militar ou a sua política. A paz de espírito, contentamento, esperança e alegria - e a salvação da humanidade - são realizados somente através da Sua obra de fé, amor e graça.
O POSICIONAMENTO CRISTÃO IDEAL
Em decorrência das recentes manifestações nas ruas do país e nas redes sociais, alguns cristãos têm sido confrontados por seus pastores e irmãos quando tomam posição contrária aos Governos federal, estadual e municipal. O mote usado é o texto no qual o apóstolo Paulo recomendou “submissão às autoridades”, em Romanos 13.1: “Todos devem sujeitar-se às autoridades do governo, pois não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram ordenadas por ele.”. Evidentemente este texto tem sido interpretado de modos distintos. Até onde vai o limite do Governo, “da autoridade”? Paulo submeteu-se cegamente a esses poderes?
Veja que dois versículos depois o texto dá a resposta mais imediata à questão quando diz sob que aspecto a submissão é requerida: “Porque os governantes não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas sim para os que fazem o mal.” (v. 3) O papel da autoridade é colocar em vigor a justiça, a Lei e a ordem. O v. 4 diz isso explicitamente: “Porque ela [a autoridade] é serva de Deus para o teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não é sem razão que ela traz a espada, pois é serva de Deus e agente de punição de ira contra quem pratica o mal.”. A “espada” é entendida como a própria pena de morte por alguns intérpretes, mas outros alegam ser a punição com maior rigor, enfim. Mas, e quando o Governo pratica desmandos, quando é comprovado ilicitudes em sua gestão? E quando há injustiça por parte das mesmas autoridades? O mesmo Paulo, quando foi julgado por crime que não cometeu, não se submeteu, antes, apelou a Cesar (Atos 25.11). Ele desrespeitou seu próprio mandamento? Claro que não. Houve grande mobilização em função de sua apelação; um destacamento militar foi colocado à disposição do apóstolo, uma longa viagem teve de ser feita, ele ficou dois anos sob custódia do Império, tudo isso porque não aceitou as disposições legais contrárias a verdade a seu respeito
Todo cristão é chamado a buscar a justiça, a igualdade, a paz, os recursos básicos para a sobrevivência do próximo (estou pensando em moradia, alimentação, saúde, segurança, educação etc.). E não somente para cristãos, mas para todo o povo. O próprio Jesus disse que Deus dá sol e chuva para justos e injustos (Mt 5.45), lembrando que “sol e chuva” afetavam diretamente a economia daquele povo, cuja base cultural eram a agricultura e a pecuária.
William Wilberforce (1759-1833), cristão e parlamentar britânico, no seu tempo, empreendeu luta árdua por grandes reformas sociais. Enfrentou incompreensões, calúnias, tentativa de desmoralização e desmobilização, reação dos poderosos e dos privilegiados, mas perseverou. Ele disse que “Deus Todo-poderoso colocou diante de mim dois assuntos: a abolição do comércio de escravos e a reforma dos costumes na Inglaterra”. Por toda a sua vida ele lutou por isso em sua carreira política. Se hoje a maioria das nações ocidentais oficialmente não tem escravidão, é porque ele lutou contra esse modelo. E não sejamos ingênuos em pensar que não houve reações dentro e fora da própria igreja. O comércio escravo mobilizava boa parte da economia, e quando “tocamos” no bolso dos ricos, nada acontece pacificamente.
O mesmo podemos dizer do pastor batista Martin Luther King Jr. (1929-1968), conhecido ativista político que mobilizou os Estados Unidos em favor dos direitos dos negros. E nós brasileiros do século 21 não podemos cometer a ingenuidade de pensar que Luther King tivesse dito: “Olha, por favor, vamos acabar com a segregação. Coitado dos negros. Vamos ajudá-los”. Não houve avanço algum sem que houvesse resistência. E a submissão às autoridades? Eram elas mesmas que segregavam, movidas por interesses culturais e econômicos – e até mesmo religiosos por parte de cristãos que usavam versículos bíblicos para defender suas posições, mas que por outro lado esmagavam os afrodescendentes.
Martim Luther King foi um pastor protestante e ativista político estaduniense. Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos negros dos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e amor ao próximo. Como ministro batista, King tornou-se um ativista dos direitos civis no início de sua carreira. Ajudou a fundar a Conferência da Liderança Cristã do Sul, em 1957, servindo como seu primeiro presidente. Seus esforços levaram à Marcha Sobre Washington de 1963, onde fez o discurso "I Have a Dream". Em 14 de outubro de 1964 King recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelo combate à desigualdade racial através da não violência. Nos próximos anos que antecederam a sua morte, ele expandiu seu foco para incluir a pobreza e a Guerra do Vietnã, com um discurso de 1967 intitulado "Além do Vietnã". King foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Menphis, Tenessee. Ele recebeu postumamente a Medalha presidencial da Liberdade em 1977 e a Medalha de Ouro do Congresso em 2004; Dia de Martin Luther King Jr. foi estabelecido como um feriado federal dos Estados Unidos em 1986. Centenas de ruas nos EUA também foram renomeadas em sua homenagem. Fonte: Wikipedia
A PARTICIPAÇÃO DO CRISTÃO NA GESTÃO PÚBLICA
É preciso levar a questão também para o campo da ética, que busca o maior bem para o maior número de pessoas. Quando temos, hoje, igreja evangélica brasileira, diante de nós a oportunidade de exercer a cidadania pelos meios legais e lícitos da manifestação pacífica, seja nas ruas, seja nas redes sociais, não estamos transgredindo leis e desobedecendo a Bíblia. Antes, estamos buscando a justiça tal qual Jesus orientou (Mateus 5.6 e outros), um país melhor com distribuição de renda e oportunidade para todos, e não um modelo que privilegia os desvios de verbas e outros crimes comprovadamente demonstrados pelas investigações.
Entendo o temor que certos pastores e irmãos têm de desobedecer a Deus em função do poder secular, mas não é exatamente isso o que a história nos mostra em relação à participação do cristão na vida do seu país. Não podemos exigir que todos se envolvam, uma vez que nem todos refletem sobre as Escrituras com a mesma compreensão e nem todos têm vocação para assuntos dessa natureza, que claramente não é dos mais atraentes. Política não é para todos, como também o pastorado, o cuidado dos doentes, o envolvimento no ensino, etc. Mas o esforço e o envolvimento pela justiça e pela paz é. Cada um fique, portanto, na vocação em que foi chamado.
FONTES DE PESQUISA
http://www.pulpitocristao.com/2013/06/pode-um-cristao-participar-das.html
http://www.gotquestions.org/Portugues/crente-cristao-politica.html
Daniele
ResponderExcluirMuito obrigado pelo que Deus por você tendo resultado neste serviço maravilhoso de lições bíblicas.
Deus continue te abençoando de formas que este canal esteja sempre aberto ao que podemos aprender de Deus.
Elizeu Grifo Rezende - Cachoeiro de Itapemirim - E. santo
Amém! ore por nós! Deus abençõe!
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