Galera de Cristo 08 - A Pedagogia de Jesus
"Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei" - Marcos 1.22
PAPO SÉRIO
A QUEM JESUS ENSINA?
FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA DE JESUS
1- A prática. Jesus fez uma clara opção pela prática em relação ao discurso e à fala. Este dado tem enorme relevância para os obreiros cristãos que costumam eleger a fala como principal instrumento de ensino. Tomamos o Sermão da Montanha, onde Jesus inicia o ensino centrado no discurso ( Mt. 5, 6 e 7:1-23). O desfecho do sermão é onde Jesus privilegia a prática (Mt.7:24-27). Ele não apenas recomenda a prática de seus ensinos como também põe em prática, à vista de todos, a sua graça e sua misericórdia. Vemos isto através das curas que realizou. Com a prática das curas Jesus devolve a dignidade aos pobres, aos marginalizados (mulher adúltera, leprosos) e outras categorias oprimidas pelo sistema social daquela época. Com a prática das curas Ele restaura a saúde física, mental e espiritual do povo: deficientes (cego, mudo, surdo, paralítico), enfermos (febre, hemorragia, mão ressequida, lepra, etc.) e endemoninhados. O Reino não chega apenas através da palavra falada, ou por adesão exclusivamente intelectual, emocional, espiritual e moral. O Reino de Deus surge através da prática da misericórdia de Jesus. Por isso, a multidão à qual Ele devolveu a dignidade e a esperança reconhece nEle o Messias.
1- A prática. Jesus fez uma clara opção pela prática em relação ao discurso e à fala. Este dado tem enorme relevância para os obreiros cristãos que costumam eleger a fala como principal instrumento de ensino. Tomamos o Sermão da Montanha, onde Jesus inicia o ensino centrado no discurso ( Mt. 5, 6 e 7:1-23). O desfecho do sermão é onde Jesus privilegia a prática (Mt.7:24-27). Ele não apenas recomenda a prática de seus ensinos como também põe em prática, à vista de todos, a sua graça e sua misericórdia. Vemos isto através das curas que realizou. Com a prática das curas Jesus devolve a dignidade aos pobres, aos marginalizados (mulher adúltera, leprosos) e outras categorias oprimidas pelo sistema social daquela época. Com a prática das curas Ele restaura a saúde física, mental e espiritual do povo: deficientes (cego, mudo, surdo, paralítico), enfermos (febre, hemorragia, mão ressequida, lepra, etc.) e endemoninhados. O Reino não chega apenas através da palavra falada, ou por adesão exclusivamente intelectual, emocional, espiritual e moral. O Reino de Deus surge através da prática da misericórdia de Jesus. Por isso, a multidão à qual Ele devolveu a dignidade e a esperança reconhece nEle o Messias.
As parábolas de Jesus, veículo fundamental para seu ensino, se inspiram nas mais variadas práticas da vida cotidiana:
Mt. 13:4-8……..A parábola do semeador.
Mt. 13:24-30…….. A parábola do joio e do trigo.
Mt. 13:33…….. A parábola do fermento.
Mt. 13:44……. A parábola do tesouro escondido.
Mt. 13:45…….. A parábola da pérola.
Mt.18:10-14…….A parábola da ovelha perdida, etc….
Na verdade, todo o discurso de Jesus é, antes de tudo a explicitação de sua prática. Ele é coerente porque sua prática é o ponto de partida de seu discurso. Esta é uma das razões pelas quais Ele foi rejeitado. A liderança dominadora não conhecia a pedagogia da misericórdia, aquela que, diante dos abandonados e sofridos, começa com atos libertadores.
A prática pedagógica de Jesus exige que a sociedade humana seja colocado ao avesso. Ela só tem sentido na lógica do Reino. Não basta que uma pedagogia se concentre na prática para que venha a merecer o qualificativo de cristã. Para ser cristã é fundamental que esta pedagogia esteja comprometida com os valores do Reino.
2 – Os resultados. O segredo para se obter bons resultados é praticar as palavras de Jesus, pois seu ensino não é para experiência do coração, nem para a edificação da razão. Seu ensino exige, em primeira instância, uma prática que seja anúncio das bem-aventuranças do Reino e que se organiza dentro de sua lógica. Em diversas passagens bíblicas vemos que Jesus dava importância fundamental aos resultados, aos frutos advindos da prática de suas palavras:
Mt. 5:13…….. O sal vale pelos resultados objetivos; se ele não dá resultado onde é colocado, para nada mais presta.
Mt. 5:14-16…….. A luz igualmente deve produzir o efeito para o qual ela foi criada, ou seja, iluminar.
Mt. 7:15-20…….. Jesus nos dá um critério de valor para avaliar o resultado de uma prática.
Mt. 5:44; 6:3-4,12 e 18:23-25…….. Para Jesus a bondade é resultado de um coração misericordioso, que pode se abrir ao perdão, à compaixão, à solidariedade, etc.
Mt. 8:5-13……..O capitão do exército romano demonstrou a prática da misericórdia por seu servo, e Jesus vendo este resultado acolheu o seu pedido.
Mt. 9:10-13……..Jesus afirma que quer ver o resultado da prática da misericórdia.
Mt. 13:4-8; 25:20-21…….. As parábolas do semeador e dos talentos anunciam que a boa nova do Reino se comprova pelos resultados.
Aqui, é preciso destacar que Jesus só valorizava os resultados de ações motivadas pela misericórdia. Os resultados de uma prática que visa a promoção pessoal, o status, a vaidade, o auto-engrandecimento, o atendimento de interesses pessoais ou de grupos, a manipulação do semelhante, certamente não são inspirados na lógica do Reino. Jesus claramente condena tudo isto ( Mt.6:1-8). Jesus rejeita a religiosidade sem frutos de misericórdia ( Mt. 25:44-45 ). Não pode haver ausência de frutos concretos de misericórdia na vida do cristão. São os resultados concretos que definem a que Senhor estamos servindo. Será que os resultados que estamos produzindo no ensino evangélico são frutos da verdadeira misericórdia cristã? Estes resultados obtidos refletem a que Senhor estamos servindo?
3 – A pessoa como centro
A pedagogia de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior do Reino de Deus:
A pedagogia de Jesus é centrada na pessoa, o bem maior do Reino de Deus:
Mc. 2:17…….. Jesus destaca a importância do homem diante da criação.
Mt. 4:18-22; 8:5-13; 15:1-3; 19:16-22, etc…….. o ensino de Jesus se estabelece a partir do diálogo. Este envolve palavras, que por sua vez envolve ação, para não se transformar em discurso vazio. A palavra no diálogo compromete quem fala e a quem se fala. O diálogo é conscientizador, através dele ocorre a reflexão-ação para a mudança. Ele enriquece o conhecimento e valoriza a relação eu-tu.
Jo. 15:13-15…….. Jesus trata as pessoas de maneira carinhosa.
Mt. 18:10-14…….. A parábola da ovelha perdida retrata, melhor que qualquer outro episódio, a dimensão absoluta da pessoa, singular para Jesus.
Mt. 25:40…….. O valor da pessoa se destaca pelo termo “pequeninos”, porque dentro do sistema social vigente naquela época eles não tinham o mínimo valor e reconhecimento. Se eles forem valorizados, toda a sociedade já estará salva. A ausência de valor os punha em uma situação tão deplorável que é com eles que Jesus se identifica. Só os misericordiosos entendem esta lógica.
Lc. 20:35-36; Jo. 1:12-13…….. É no contexto da família de Deus que uma pessoa pode ter seu valor maior.
Tendo a pessoa como centro de sua preocupação, também vemos a valorização inquestionável da criança, grupo marginalizado e desvalorizado naquela época: Mt. 18:1-6; 19:13-15. Também vemos na prática do Divino Mestre a valorização da mulher. No contexto da sociedade de então, a mulher casada, depois que o marido se cansasse dela, podia ser repudiada. Jesus entende que a valorização da mulher passa pela absoluta valorização do amor-comunhão (Mt. 5:27-31; 19:3-9). A posição de Jesus que radicaliza a unidade indissolúvel do casal, se prende à sua compaixão pelos oprimidos. Com seu ensino Ele devolve a dignidade à mulher. Outro episódio importante na questão da valorização humana é a cura dos leprosos. Eles eram afastados do convívio social, condenados a perambular em pequenos grupos fora dos limites da cidade. Jesus não aceita esta condição de vida dos leprosos e se relaciona com eles misericordiosamente, fazendo o que era possível para reintegrá-los à humanidade. Ele os tocava ( Mt.8:1-3) e com seu gesto repudiava o abandono a que eram condenados. A cura dos endemoninhados gadarenos (Mt. 8:28-34) tem o mesmo sentido. Não só a pessoa recebe nova valorização, mas também a vida cotidiana ganha nova dignidade:
Mt. 6:11……. O pão está entre os direitos da vida, pois ele é pedido ao Pai, na oração que Cristo ensinou, A dignidade da vida inclui, para Jesus, a simples amizade-fraternidade que cresce em torno do pão.
Mt. 8:11; 26:29…….. A plenitude do Reino é, repetidas vezes, comparada a uma ceia. Estes traços históricos indicam que a prática de Jesus valorizava a comunhão fraterna que se desenvolve em volta da mesa. Pela amizade, pela fraternidade da mesa e pelo partir diário do pão, no contexto maior do Reino, o convívio humano passa a ser um bem em si, sem outro objetivo além do prazer da fraternidade. Comer à mesa e cultivar a amizade cotidiana é expressão de pura compaixão humana. Tais episódios nos ajudam a enxergar na prática de Jesus sua compreensão da importância da vida cotidiana abundante, plena, como indicação da inauguração do Reino de Deus. A consideração da pessoa humana como valor absoluto e o convite à antecipação do banquete do Reino no partir diário do pão, na fraternidade e na comunhão da verdadeira amizade entre irmãos e companheiros, de alguma forma eleva a dignidade do cotidiano humano. A pedagogia de Jesus acontece dentro de uma perspectiva clara direcionada à implantação plena do Reino. E esta perspectiva se opõe radicalmente à lógica da dominação. Daí seu grande comprometimento com os desfavorecidos na sociedade. Se queremos praticar a pedagogia de Cristo não podemos perder de vista esta perspectiva.
4 – A simplicidade
Se queremos adotar a pedagogia do Mestre em nossas igrejas e instituições paralelas devemos estudar as lições de Cristo, Seu caráter e Suas práticas. Precisamos nos libertar do formalismo e da tradição e apreciar a originalidade, a autoridade, a espiritualidade, a bondade, a humildade, a benevolência e o poder do Seu ensino. Jesus é simples, humilde, não há em Sua instrução nada vago ou difícil de ser entendido. Ele falava e agia com clareza e ênfase, com força solene e convincente.
Jesus não tinha um púlpito, ou uma escola. Ele ensinava, pregava e curava junto ao mar (Mt. 4:18); nas sinagogas (Mt. 4:23); no monte (Mt. 5:1); nas casas (Mt. 8:14); cidades e povoados (Mt. 9:35); no campo (Mt. 14:13 e19); no caminho (Mt. 20:17 e 29-30); no templo (Mt. 21:12,14), etc. Seu ensino é ancorado em situações comuns do dia-a-dia das pessoas: o sal, a luz, o relacionamento senhor X servo, as aves do céu, os lírios do campo, o comer, o vestir, a porta estreita e a porta espaçosa, a seara, o trabalho, a semeadura, o pastoreio, a árvore e seus frutos, etc… Ele não escolheu sábios, nobres ou ricos para seus discípulos, mas convidou rudes pescadores, consertadores de redes, um coletor de impostos, etc. (Mt.4:18-22; 9:9); sentou-se à mesa com publicanos e pecadores (Mt.9:10). Jesus estabelece um contato muito próximo e íntimo com as pessoas, estava sempre no meio do povo, multidões o acompanhavam, Ele tocava as pessoas, fez questão de impor as mãos sobre as crianças, etc. (Mt. 5:1; 19:13-15 ). As ações e propostas de Jesus são de uma simplicidade cristalina. Veja a solução que Jesus deu ao problema surgido nas bodas em Caná da Galiléia (Jo.2:5-7). E também a multiplicação dos pães (Mt.14:17-l8), a parábola da dracma perdida (Lc.15:8) etc.
Precisamos considerar seriamente a Pedagogia de Jesus, porque nós como Igreja temos uma vocação divina: lutar pelo estabelecimento do Reino de Deus e anunciar a mensagem de salvação para o homem, que é o próprio Cristo. Esta é a razão primária da existência da Igreja e por isto mesmo toda a sua atividade de pregação e ensino, tem que perseguir este objetivo com obstinação. Num processo de pregação e ensino em que se privilegia a prática, os resultados concretos desta prática, a pessoa como centro e a simplicidade, a tarefa educacional da Igreja se amplia e estimula os homens a crescerem juntos, na busca do conhecimento, da reflexão e da ação que leva a transformações.
Afinal, foi Ele mesmo que disse: “Aprendei de mim.” (Mt.11:29) e “Sêde vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste.” (Mt.5:48)
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