Lição 04 - Livro dos Salmos - Parte I (Sl 1-41)



"Este será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó e seu reino não terá fim" Lucas 1.32,33

Texto Bíblico Básico: Salmo 22.1,14-18; Salmo 23





PANORAMA DO LIVRO DOS SALMOS


Autoria: Davi e Outros

Tema: Oração e Louvor

Data: Quase todo foi escrito entre os séculos X a V a.C.

O título hebraico dos Salmos é Tehilim que significa "louvores", o título na Septuaginta (tradução do Antigo Testamento para o grego feita em 200 a.C.) é Psalmoi, que significa "cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas". O título em português, Salmos, deriva da Septuaginta.


ESBOÇO



Livro I
1-41
Livro II
42-72
Livro III
73-89
Livro IV
90-106
Livro V
107-150
Total de
Salmos 
 41
 31
 17
 17
 44

 Autoria
Maioria de Davi 
 Maioria de Davi e dos filhos de Corá
 Maioria de Asafe
Maioria Anônimos 
Maioria de Davi ou Anônimos
 Nome Divino preominante
  Jeová
O Senhor
El/Elohim
(Deus )
El/Elohim
(Deus) 
El/Elohim
(Deus) 
Jeová
O Senhor 

Temas frequentes
 O Ser Humano e a Criação
 Livramento e Redenção
Adoração e o Santuário 
O Deserto e os Caminhos de Deus 
A Palavra de Deus e o Seu Louvor 
Semelhança com o Pentateuco 
 Gênesis
 Êxodo
Levítico 
 Números 
Deuteronômio 


PROPÓSITO DO LIVRO

Os Salmos, como orações e louvores inspirados pelo Espírito Santo foram escritos para, de modo geral, expressarem as mais profundas emoções intimas da alma em relação a Deus. (1) Muitos foram escritos como como orações a Deus, como expressão de (a) confiança, amor, adoração, ação de graças, louvor e anelo por maior comunhão com Deus; (b) desânimo, intensa aflição, medo , ansiedade, humilhação, e clamor por livramento, cura ou vindicação. (2) outros  foram escritos como cânticos de louvor a Deus, ação de graças e adoração, exaltando a Deus por seus atributos e por grandes coisas que ele tem feito (3) Certos Salmos tem importantes trechos messiânicos.
Adoração não precisa estar associada necessariamente a uma liturgia (ritual instituído por uma igreja local). Os judeus do tempo de Isaías não sabiam fazer tal distinção, por isso foram repreendidos com severidade: "e que me serve a mim a multidão dos seus sacrifícios? Diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de animais cevados, e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiro, nem de bodes" (Is 1,1). A verdadeira adoração está no amor que devotamos a Deus. É um at o permanente na vida do verdadeiro cristão; não pode ser, sob hipótese alguma, uma atitude episódica. Em tudo o que fizermos, há de  ser ressaltada nossa atitude de adoração. Até as nossas atividades materiais tem de mostrar ao mundo que somos uma comunidade de adoradores. Adoração não é contemplação, é, acima de tudo, serviço que se presta ao Reino de Deus. Fonte: Dicionário Teológico Edições CPAD. 

CARACTERÍSTICAS DO LIVRO

Nove características principais assinalam o livro dos Salmos.

(1) É o maior livro da Bíblia, e contém o capítulo mais extenso (Sl 119.1-17), o capítulo mais curto (117.1,2), e o versículo central da Bíblia (118.8).
(2) É o hinário e livro devocional dos hebreus, e a sua profundidade e largueza espirituais fazem com que este livro seja o mais lido e o mais estimado do Antigo Testamento pela maioria dos crentes.
(3) "Aleluia", (traduzido por "louvai ao Senhor"em algumas Bíblias), um termo hebraico mundialmente conhecido pelos cristãos , ocorre vinte e oito vezes na Bíblia. sendo que vinte e quatro estão no livro de Salmos. O Saltério chega a seu auge no Salmo 150, com uma manifestação de louvor completo, harmonioso e perfeito ao Senhor
(4) Nenhum outro livo da Bíblia expressa tão bem a gama inteira de emoções e necessidades humanas em relação a Deus e á vida humana, Suas expressões de louvor e devoção fluem dos picos mais altos da comunhão com Deus, e seus brados de desespero ecoam vales mais profundos do sofrimento.
(5) Cerca de metade dos Salmos consiste de orações de fé em tempos de tribulação.
(6) É o livro do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento.
(7) Contém muito dos capítulos prediletos da Bíblia.
(8) O Salmo 119 é único na Bíblia por (a) seu tamanho; (b) seu grandioso amor á Palavra de Deus; (c) sua estrutura literária compreende 22 estrofes de oito versículos cada, sendo que dentro de cada estrofe, cada versículo inicia com a mesma letra, segundo a ordem das 22 letras do alfabeto hebraico.
(9) A característica principal do livro é um estilo poético chamado paralelismo, que utiliza mais o ritmo dos pensamentos do que o ritmo da rima ou métrica. Esta característica possibilita a tradução da sua mensagem de um idioma para o outro  sem muita dificuldade.

Os Salmos são excelente recurso para a oração. Muitas vezes, sem o percebermos, passamos a nos dirigir a Deus em orações rotineiras e repetitivas. Fazendo uso dos Salmos e aplicando-os ás nossas necessidades, podemos orar de modo significativo, sob a unção do Espírito Santo, que, em última instância, é o inspirador e autor maior dos Salmos. 

TRIBULAÇÃO E ALENTO NA CAMINHADA CRISTÃ

1. O Senhor como Pastor. O Salmo 23 é o Salmo do Pastor. É uma canção de fé. O salmista tinha larga experiência como pastor de ovelhas. Num breve texto, ele resumiu diversos aspectos do cuidado de Deus para com os seus servos, "ovelhas do seu pasto" (Sl 100.3). O salmista tinha em mente que o Jeová Raá (o Senhor como Pastor), representava para ele. Davi conhecia reis, sacerdotes, generais, etc. Mas para expressar melhor a sua visão de Deus, tomou emprestada a figura de um bondoso pastor de ovelhas, e o seu relacionamento com o rebanho. Davi sabia o que era ser pastor, pois exercera essa atividade quando jovem. Sabia que Deus era o Pastor de Israel. 

2. O Pastor que provê. Fala do cuidado e do amor de Deus para com os seus servos individual e coletivamente. Ele não deixa faltar nada que seja útil ou necessário á vida do crente fiel que se comporta como sua ovelha, buscando obedecê-lo e fazendo a sua vontade. Se o Bom Pastor não nos dá algo, é porque certamente não é bom para nós. Mas tudo aquilo que necessitamos para o nosso bem, Ele nos provê na medida e no tempo certo.

3. O Pastor que alimenta (v.2). O bom pastor não leva o rebanho a alimentar-se em qualquer pastagem. Conhecendo os campos, ele sabe onde encontrar o melhor alimento para as ovelhas. Não lhes dá pasto seco nem contaminado. Na ida espiritual, o Senhor Jesus Cristo, o bom pastor, nos alimenta com a Sua Palavra.

4. O Pastor que guia (v.2c). O pastor cuidadoso leva as ovelhas para se alimentarem nos verdes pastos, diante de águas tranquilas, apropriadas para mata-lhes a sede, ao mesmo tempo em que lhes dá sensação de paz e descanso. Adiante das ovelhas, Ele as guia "pelas veredas da justiça" (v.3).

5. O Pastor que dá refrigério (v.3). Em meio ao calor sufocante, o pastor procurava lugares altos, onde as ovelhas pudessem sentir o soprar aconchegante do vento suave. Nosso o Pastor, Jesus Cristo, nos refrigera a alma. Ele prometeu, e nos enviou o Consolador, o Espírito Santo (Jo 14.16-18).

6. O Pastor que dá segurança... "ainda que eu andasse pelo Vale da Sombra da morte..."Este Vale é uma das situações de perigo pelas quais os crentes podem passar: doenças, acidentes, agressões ou ameças de morte. O Bom Pastor dá segurança ás ovelhas. 


"Deus guiará você através, e não em volta, do vale da sombra da morte. E, a propósito, você não está contente por ser ela apenas uma sombra? O Dr. Donald Grey Barnhouse contou por ocasião da morte de sua primeira esposa: Ele e os filhos estavam voltando no carro para casa, depois do sepultamento, dominados pela aflição. Ele procurou uma palavra de conforto para oferecer, mas não pôde pensar em nada. Exatamente naquele momento, um grande furgão passou por eles. Enquanto passava, a sua sombra derramou-se sobre o carro deles. Uma inspiração veio ao Dr. Barnhouse. Ele virou-se para a família e indagou: "Filhos, vocês preferiam ser atropelados por um caminhão, ou pela sombra dele?” Os filhos responderam: "É claro, papai, que preferimos ser atropelados pela sombra. De qualquer modo, ela não nos pode ferir". O Dr. Barnhouse explicou: "Vocês sabiam que dois mil anos atrás o caminhão da morte passou por cima do Senhor Jesus... a fim de que apenas a sua sombra pudesse passar por cima de nós agora?" Nós enfrentamos a morte, mas graças a Jesus, enfrentamos apenas a sua sombra". Fonte: Aliviando a Bagagem, de Max Lucado, pg 75 (super recomendo a leitura - expõe como nunca vi o Salmo 23, leia aqui o livro: http://www.palavrapreexistente.com.br/arquivos/conselhos/AliviandoaBagagem-MaxLucado.pdf )

OS SALMOS MESSIÂNICOS

Não são poucos os Salmos que, embora escritos há mil anos antes do nascimento de Cristo,  fazem referências claras e indiscutíveis á sua vida, ministério, paixão, morte e exaltação, Esses salmos são conhecidos como cânticos messiânicos e são eles: 2,8,16,22,23,24,40,41, 45,68,69,72,89,102,110,118. Tais passagens jamais poderiam ser aplicadas a qualquer outra pessoa da história a não ser Jesus, pois somente Ele reúne todas as credenciais e requisitos necessários explicitados nesses salmos e em outras passagens proféticas.

O objetivo do Salmo 2, um dos messiânicos, é realçar e reivindicar a soberania de Cristo sobre as nações. Mas o que vem a ser soberania? É a autoridade inquestionável que Deus exerce sobre todas as coisas criadas quer na terra, quer nos céus. A soberania divina está baseada em sua onipotência, onipresença e onisciência. Isto significa que todos nós precisamos de Deus para existir; sem Ele não há vida nem movimento. Como o Cristo de Deus, o Senhor Jesus recebeu plena autoridade sobre todas as nações. Ele é o Rei dos Reis e o Senhor dos senhores. Em Isaías 9.6, o profeta assim sintetiza: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e principado está sobre seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz".  Nenhuma nação poderá ignorar a soberania de Cristo quando, juntamente com a Sua Igreja, vier estabelecer aqui na terra o Reino milenial. É confortante saber que nosso Salvador possui tal autoridade.

O Messias sofre, mas triunfa. O Salmo 22, outro messiânico, um dos mais citados no Novo Testamento, é chamado o "salmo da cruz" porque relata com exatidão o cruel sofrimento de Cristo na cruz. Note pelo menos dois fatos a respeito desse salmo: (1) É um brado de dor e aflição de um crente que continua sob provação e sofrimento. Neste sentido, todos os crentes sob sofrimento podem identificar-se com o conteúdo dessa oração. (2) As palavras do Salmo descrevem  um acontecimento que em muito ultrapassa os limites humanos comuns. Inspirado pelo Espírito Santo, o salmista prediz o sofrimento de Jesus Cristo, durante sua crucificação e prenuncia sua imediata vindicação três dias depois. 

Deus Meu, Deus Meu, porque me desamparaste? (22.1). Jesus deu este brado angustiante na cruz, ao se afastar dEle a presença providente e protetora de Seu Pai Celestial. Ele foi desamparado por Deus porque estava sofrendo na cruz no lugar do pecador, fazendo - se maldição por nossa causa (Gl 3.13). Ao citar este versículo, Jesus também estava declarando que este salmo inteiro é uma descrição dEle mesmo.

Clamo, e tu não me ouves.(22.2). O crente, assim como o próprio Jesus, pode ás veze se sentir desamparado por Deus. Quando isso ocorrer, mantenha-se firme na fé em Deus e na sua bondade, e continue orando e confiando nEle.

Meneiam a cabeça. Ver Mt27.39. Até os gestos usados pelos inimigos de Jesus foram preditos no Antigo Testamento.

Confiou no Senhor (22.8). Esse versículo relata as palavras exatas que os inimigos do Senhor lhe dirigiam enquanto presenciavam a sua crucificação (Mt 27.43).

Não há quem ajude (22.11-17). Estes versículos descrevem o sentimento de desamparo do Senhor, quando da brutalidade do açoitamento e da crucificação.

Traspassaram-me as mãos e os pés (22.16). Aqui temos outra referência profética á crucificação de Jesus (Jo 20.25).

Repartem entre si as minhas vestes (22.18). Os soldados romanos fizeram exatamente conforme a redição deste versículo - um admirável cumprimento da profecia (Mt 27.35; Mc 15.24; Lc 23.34; Jo 19.23,24.)

Aos meus irmãos (22.22). Hebreus 2.11,12 associa este versículo a Jesus Cristo; ele assinala o triunfo da Cruz; Jesus agora é o redentor exaltado que reúne a si "seus irmãos" (redimidos que nele crêem e aceitam sua morte para salvá-los (Jo 20.17) e fica "no meio deles" para louvor de Deus. Sua morte resulta em socorro dos aflitos (v. 24), na vida eterna (v.26), na pregação do Evangelho (v. 27), no seu domínio sobre todas as nações (v. 28,29) e na sua suprema exaltação e glória (v. 30,31).


FONTES DE PESQUISA:

Bíblia de Estudo Pentecostal - ED. CPAD; Salmos: Introdução, pgs 813-815; Salmo 22, nota.

Revista "Lições Bíblicas" -- Salmos: A lira de Israel na devoção do homem moderno , 3. trimestre de 1997.




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