Galera de Cristo 09 - Peregrinos em Terra Estrangeira
"Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel" - Hebreus 10.23
Hora da Verdade: Êxodo 6.2,6-8; Hebreus 11.8-10
PAPO SÉRIO
O CRISTÃO COMO PEREGRINO E AS PROMESSAS DE DEUS
Moisés e sua peregrinação. A história do povo de Israel começa com Abraão, aproximadamente 2.100a C. Abraão morava na Mesopotâmia quando o Senhor o chamou e ordenou-lhe que andasse sobre a terra (Gn 12.1-9; 13.14-18). Andou com sua tribo por toda a terra de Canaã que futuramente viria a ser a terra escolhida por Deus para seu povo habitar. Obediente e temente ao Senhor, Abraão foi honrado por Deus, como o Pai de um povo incontável (Gn 15,4-6). Nasce Isaque (Gn 21,1-7) que gerou Jacó (Gn 25,19-26; 25,29-34; 27,27-30), que gerou José (Gn 30,22-24). Anos mais tarde José foi vendido por seus irmãos ao Faraó do Egito (Gn 37). Por ser temente a Deus, José não foi desamparado pelo Senhor. Tornou-se um homem de confiança do Faraó, sendo promovido a Governador do Egito. (Gn 41,37-46). Trouxe sua família de Canaã, devido a grande fome que assolava a região. Uma vez no Egito, os familiares de José receberam terras do Faraó, para que pudessem cultivá-las. (Gn 46,1-7; 47,5-12). Assim, os hebreus começam a prosperar. No Egito, os hebreus foram abençoados por Deus de uma forma extraordinária: prosperaram tanto e se tornaram tão ricos e tão numerosos que assustaram os egípcios. Resultado: foram subjugados militarmente e submetidos à escravidão. (Ex 1,7-14).
Porém, o Faraó ainda não estava totalmente satisfeito. Pretendia interromper de forma definitiva a expansão israelita. Decretou então, que todos os varões que nascessem nas famílias israelitas deveriam ser mortos (Ex 1,15-22). E assim foi feito e de forma cruel. Às meninas, entretanto, era dado o direito à vida. Um desses bebês, um garotinho, foi escondido por seus pais por três meses dos soldados egípcios. Porém, quando a vida do bebê passou a correr um perigo iminente, seus pais o colocaram numa cestinha de vime e o soltaram no Rio Nilo (Ex 2,1-10). A filha do Faraó, que se banhava as margens do Nilo, viu o cestinho descendo nas águas e ouviu o choro do bebê. Ela o resgatou e deu-lhe o nome de Moisés, que significa "retirado" ou "nascido das águas" (Ex 2,5-9). Sabendo tratar-se de um hebreu e sem condições de amamentá-lo, a Princesa entrega Moisés para sua própria mãe criá-lo, sem, contudo desconfiar disso. Moisés é criado e educado em ambiente palaciano, tornando-se um nobre. Aí vemos a mão de Deus: em meio a tantas outras mulheres que viviam no Egito, de várias nacionalidades, foi justamente a Princesa, filha do Faraó, quem o encontra e retira das águas.
Passam-se os anos, Moisés descobre suas origens e vê a opressão em que seu povo vivia. Para defender um hebreu do castigo físico que lhe era infligido por um soldado egípcio, Moisés mata o soldado e atrai sobre si a fúria do Faraó. No entanto, ele consegue fugir para a terra de Madiã (Ex 2,15). Ali, ele conhece Zípora, aquela que viria a se tornar sua esposa. Com o tempo, o Faraó que perseguia Moisés morre, mas seu filho, que havia sido criado junto a Moisés, assume o trono e continua com a política opressora do pai, para com os hebreus. Em sua infinita misericórdia, o Senhor Deus ouve o clamor do seu povo, se compadece e se manifesta a Moisés, enquanto este apascentava o rebanho de seu sogro, através de uma sarça em chamas e o conclama a voltar ao Egito e livrar o povo hebreu do jugo do Faraó (Ex 3). ..."Eis que os clamores dos israelitas chegaram até mim, e vi a opressão que lhes fazem os egípcios. Vai, te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo." (Ex 3,9-10)
Moisés, então, em companhia de seu irmão Aarão retorna ao Egito e tenta demover o Faraó, intercedendo junto a este pelo povo hebreu. O Faraó, como era de se esperar, não concorda com a proposta de Moisés e por diversas vezes o expulsa de sua presença. Deus, então, envia dez pragas sobre o povo egípcio e o Faraó, finalmente concorda em libertar o povo do cativeiro e deixá-los partir do Egito. (Ex 7-12; 12,37-51). Confiante na palavra de Deus, Moisés lidera o povo hebreu por uma longa caminhada pelo deserto, de volta a Canaã. Eram aproximadamente 3 milhões de pessoas.
A caminhada não foi fácil. Sob a liderança de Moisés, os hebreus penetraram no deserto rochoso que cobre a península do Sinai. A esmagadora maioria das pessoas que o seguiam, devido à rudeza da escravidão, era brutalizada, fraca de espírito e, embora mantivessem o ideal de liberdade, acabavam se rebelando. O povo rebelou-se diversas vezes contra Moisés e contra o Senhor. A incredulidade e a desobediência dos israelitas eram constantes. Disposto a salvar seu povo, o Senhor dá a Moisés, no alto do Monte Sinai, o "Decálogo", símbolo da Aliança entre Deus e os homens. Entretanto, aquele povo ainda estava muito impregnado dos costumes com os quais conviveu por séculos a fio e não segue totalmente as novas leis ditadas por Deus. Seria necessário, então, que toda uma geração passasse para dar lugar à outra, livre e sem os traumas do sofrimento e da revolta, para formar uma unidade racial, política e religiosa, com características próprias e sob a égide de um Deus único. Por isso, 40 anos vagariam pelo deserto, até que morresse toda a geração escrava, para que só os nascidos em liberdade pudessem entrar na Terra Prometida. Foi nessas circunstâncias que aconteceram fatos que iriam influenciar a humanidade por séculos e que ainda hoje têm profundo significado. Trata-se de um período de purificação, quando os hebreus criam identidade, conhecem o seu Deus e tornam um povo, o Povo de Deus. Obviamente não se trata de uma caminhada contínua, mas de uma vida passada no deserto, buscando a Terra prometida, como povo nômade.
Na mentalidade dos povos antigos, os números tinham um sentido simbólico. Muitas vezes significavam qualidade e não quantidade. Os orientais não sabiam falar sem recorrer ao simbolismo dos números e dos provérbios. Com relação ao número 40 ele indica um tempo necessário de preparação para algo novo que ainda vai chegar: 40 dias e 40 noites do dilúvio (Gn 7,4-12); 40 dias e 40 noites passa Moisés no Monte Sinai (Ex 24,18;34,26); 40 anos foi o tempo de peregrinação pelo deserto (Num 14,33; Dt 8,2, etc.); JESUS jejuou 40 dias e 40 noites antes de começar o seu ministério (Mt 4,2; Mc 1,12; Lc 4,2); a Ascensão de Jesus acontece 40 dias depois da Ressurreição (At 1,3). Quando alguém errava, era corrigido com 40 chibatadas (Dt 25,3).
No deserto somos levados a depender totalmente da Misericórdia Divina. Todo o nosso conhecimento, sabedoria, riqueza e forças, não valem nada neste ambiente hostil. Deserto é lugar de milagres e manifestação do poder de Deus em nossas vidas! Ao longo dos anos passamos por vários "desertos": um emprego perdido, uma dívida altíssima, a morte de uma pessoa muito amada (pai, mãe, filhos), o filho se consumindo em drogas... Seja qual for a situação, é dolorosa, sofrível, fatigante e desesperadora. Mas não é o fim, apenas um novo começo. E todo começo gera mudanças. E assim como o povo hebreu, não obstante os medos, inseguranças e incertezas lancemo-nos nos braços de Deus, rumo à "nova Canaã": um mundo de justiça, paz, igualdade e amor!
O CRISTÃO COMO PEREGRINO E O PRESENTE SÉCULO
Havia uma senhora bastante idosa em nossa igreja; muito fiel ao Senhor. Mulher de oração, não perdia cultos, escola Bíblica; ia muitas vezes a pé (aos 90 anos); ela orou muito pela minha vida, pela minha vida da minha família, pela salvação do meu esposo antes de nos casarmos. Uma crente assim, por ser tão fiel a Deus durante toda a sua vida, tinha tudo o que precisava: roupas boas, uma casa muito bonita e confortável, dinheiro no banco, paz na família, certo? Errado! Ela morava em uma casa muito humilde, tinha o básico para viver, usava roupas simples, por vezes dependeu da ajuda da igreja, e a vida familiar dela não era das melhores. Filhos e netos não convertidos por muitas vezes fizeram nossa querida irmã em Cristo chorar aos pés do Senhor. Porque? Porque uma pessoa que ora tanto, tão fiel a Deus não teve uma vida mais tranquila, confortável? Simples: o foco dela não estava aqui. Estava no céu, para onde ela foi há dois anos atrás, quando Deus a chamou. Agora sim, ela está desfrutando - por toda a eternidade - de tudo que vale a pena, todo o tesouro que ela ajuntou aqui na terra, e a paz eterna.
Uma das razões que tanto nos aprisiona a este mundo, nos fazendo viver correndo desesperadamente atrás do dinheiro, fama, sucesso, riquezas e poder é que perdemos de vista a verdade de que estamos nesta terra de passagem e, de que nada daqui levaremos (I Tm 6:7).Na primeira carta de Pedro, capítulo 2, versos 11 e 12, somos exortados e relembrados que somos peregrinos e forasteiros. Eis o texto: “Amados, exorto-vos, como peregrino e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais que fazem guerra contra a alma, mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas obras, glorifiquem a Deus nos dia da visitação”. Pedro faz questão de nos relembrar que somos peregrinos e forasteiros. Crer nesta verdade é essencial para entendermos tudo o mais dito por ele. Portanto, se perdermos de vista que somos cidadãos do céu, que nossa pátria é celestial (Fl 3:20) e que somos peregrinos e forasteiros neste mundo, viveremos para satisfazer nossas paixões carnais. Afinal, não faz sentido lutar contra o pecado, abster das paixões carnais, manter nosso procedimento exemplar entre os não cristãos, apresentar bons frutos, sendo que vivemos como se este mundo fosse nosso lugar definitivo. Aqueles cristãos que ainda pensam que foram salvos somente do inferno e, não deste mundo também, conforme nos ensina Gálatas 1:4, estão aprisionadas ao pecado e se entregando aos prazeres carnais. É bem verdade que todos nós ainda somos atraídos pelo pecado. Porém, quando estamos progredindo em conhecer mais ao Senhor, em viver em integridade a vida cristã, estamos, aos poucos, sendo desarraigados deste mundo perverso, passando a viver como peregrinos e forasteiros. Isto não quer dizer, de forma alguma, viver irresponsavelmente. Ao contrário, nos faz viver sendo bons exemplos em nossas obrigações e responsabilidades, porém, como autênticos cidadãos do céu. Crer assim faz toda a diferença em nossa vida diária. Somente aqueles que crêem e vivem com a certeza de que são peregrinos e forasteiros é que vivem como autênticos cidadãos do céu, conseguindo lutar contra as atrações e tentações deste mundo. É o que lemos dos heróis da Fé em Hebreus 11:13 a 16. Portanto, resgatar a verdade bíblica de que somos peregrinos nesta terra e de que nossa pátria está no céu é determinante para vivermos a vida cristã corretamente, desapegados a este mundo e agarrados na esperança da volta de Cristo.
"Se todos os crentes tivessem uma plena visão da salvação, se pudessem ver plenamente ao longe a tão grande salvação que receberam, com certeza teriam atitudes diferentes no seu dia a dia. Teríamos tanto regozijo, tanta motivação, tanto entusiasmo, tanta convicção, tanto anseio pelo céu, que não haveria na terra um só salvo descontente, descuidado, negligente e embaraçado com as coisas dessa vida". - Pr. Antônio Gilberto
FONTE DE PESQUISA
http://www.webartigos.com/artigos/quarenta-anos-da-caminhada-do-povo-de-deus-no-deserto/77137/ > acessado em 23/11/2015
http://mana-virtual.blogspot.com.br/2011/07/peregrinos-e-forasteiros.html > acessado em 23/11/2015
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