Lição 07 - As Estações da Vida


Texto Áureo: "Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda se renovará e não cessarão os seus renovos" - Jó 14.7


Texto Bíblico Básico: Eclesiastes 11.1-8



O DIA EM QUE NADA FAZ SENTIDO


Eclesiastes é o  livro que expressa o pessimismo e o ceticismo do Homem Natural. Crê-se, geralmente que o autor é Salomão, embora seu nome não apareça no livro, como em Provérbios  e em Cantares. Vários trechos, no entanto, sugerem a sua autoria. O autor identifica-se como filho de Davi, que reinou em Jerusalém (1.1,2); faz alusão a si mesmo como governante mais sábio do povo de Deus (1.16),  e como escritor de muitos provérbios (12.9). Tudo isso encaixa-se na descrição bíblica do rei Salomão. Segundo a tradição judaica, Salomão escreveu Cantares quando jovem; Provérbios, quando estava na meia-idade e Eclesiastes, no final da vida. O efeito conjunto do declínio espiritual de Salomão, sua idolatria e da sua vida extravagante, deixou-o por fim, desiludido, com os prazeres desta vida, e o materialismo como caminho da felicidade. Eclesiastes registra suas reflexões negativistas a respeito da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da sua Palavra. Ele teve riquezas, poder, honrarias, fama e prazeres sensuais em grande abundância, mas no fim, o resultado foi o vazio e a desilusão: "vaidade de vaidades" É tudo vaidade!" Seu propósito principal ao escrever Eclesiastes, pode ter sido compartilhar com o próximo, especialmente com os jovens, antes de morrer, seus pensamentos e seu testemunho a fim de que outro não cometessem os mesmos erros  que ele cometera. Revela de uma vez por todas a total futilidade do ser humano considerar bens materiais e conquistas pessoais como os reais valores da vida. Embora os jovens devam desfrutar da sua juventude, (11.9,10), o mais importante é que de se dediquem ao seu Criador (12.1) e que decidam temer a Deus e guardar os seus mandamentos (12.13,14). Esse é o único caminho que dá sentido à vida.

Características especiais do livro.  Cinco características principais destacam o livro de Eclesiastes: (1) É um livro nitidamente pessoal, no qual o autor frequentemente emprega o pronome pessoal "eu" ao longo dos dez primeiros capítulos, (2) Sob o negativismo subjacente do autor o livro revela que a vida, à parte de Deus é incerta e repleta de vaidade (a palavra de "vaidade" ocorre no livro 37 vezes). Salomão observa em atitude negativista vários paradoxos e inquietações da vida. (3) a essência dos conselhos de Salomão no livro está em seus últimos versículos: "Teme a Deus e guarda seus mandamentos; porque este é o dever de todo o homem. (4) O estilo literário do livro é todo irregular; seu vocabulário e sintaxe são dos mais difíceis do hebraico do Antigo Testamento e não se encaixam em nenhum período específico da literatura hebraica. (5) Contém a alegoria mais pitoresca da Bíblia alusiva à pessoa quando envelhece.

Estrutura de Eclesiastes
O livro de Eclesiastes está estruturado da seguinte maneira:
  • Introdução – 1:1-11
  • Problemas e soluções da satisfação – 1:12 a 3:15
    • Problema: a satisfação não pode ser encontrada – 1:12 a 2:23
    • Solução: a satisfação não pode ser procurada – 2:24 a 3:15
  • Problemas e soluções da frustração – 3:16 a 7:29
    • Problema: Frustrações são inevitáveis – 3:16 a 6:12
    • Solução: Frustrações não podem ser evitadas – 7:1-29
  • Diretrizes para um projeto de vida – 8:1 a 12:8
    • Viver sob a autoridade, mas não esperar que o governo resolva todos os seus problemas – 8:1-9
    • Viver pelo principio da retribuição, mas não esperar seus resultados nessa vida – 8:10-14
    • Não querer todas as respostas – 8:15-17
    • Este mundo só oferece a morte – 9:1-6
    • Desfrutar a vida que Deus ofereceu – 9:7-10
    • Esperar o inesperado – 9:11-12
    • A sabedoria é melhor do que a força – 9:13 a 10:20
    • Ter prudência sem ficar inerte – 11:1-6
    • Não esperar a velhice para saber acerca da visão de vida correta – 12:1-8
  • Questões finais – 12:9-14


OS DESCAMINHOS





O Pessimismo e ceticismo de Eclesiastes - O livro expressa certo pessimismo, talvez mesmo de Salomão, mostrando provavelmente a própria decepção e desilusão de uma pessoa materialista. Seu pessimismo tem três causas: (1) Ele vivia egoísticamente em vez de socialmente - vivia para ter em vez de ser ou dar. O paradoxo da vida é que quanto mais e pessoa obtém, tanto menos ela realmente tem; quanto mais ela dá, tanto mais recebe; quanto mais ela vive por sua própria felicidade, tanto menos é feliz. (2) Ele viu a vida como algo separado de Deus em vez de controlado por ele (Ec 9.11). É possível verificar que o autor buscou o sentido da vida. Este é o tema contextualizado do livro: onde está o sentido da vida? Procurou por ele: (a) nos prazeres (2.1 e 3); (b) no poder (2.7); (c) nas riquezas (2.9-11); (d) na sabedoria (2.13-17 e 12.12); (e) no trabalho (2.20-23).

Contraste com Provérbios. Enquanto Provérbios aplica a sabedoria no benefício prático de uma vida dirigida por Deus, Eclesiastes aplica a sabedoria no objetivo filosófico de entender o significado da vida. Ele indaga o "porquê" da vida. Valeu a pena ter vivido? No epílogo (Ec 12.13-14) ele chega à conclusão certa e final.



O Processo de envelhecimento. Eclesiastes retrata de forma bastante curiosa o processo do envelhecimento humano. No capítulo 12, há uma descrição desse processo: vv.2-8 "os maus dias" (v. 1) são a velhice. V. 2 o calor da vida está indo embora. "Guardas da casa" são os braços. "Homens fortes" são as pernas. "Moedores" são os dentes. "Olham pela janela", os olhos. "As portas da rua", os ouvidos. "For baixo o ruído da moedura",  a boca, com poucos dentes, a pessoa mastiga pouco. "Levantarmos à voz das aves", mostra o ancião que acorda cedo. "As filhas da música ficarem abatidas" retrata a surdez. "Temerem o que é alto" mostra o pouco fôlego do ancião em subir ladeiras. "Florescer a amendoeira" mostra os cabelos brancos. "Gafanhoto for um peso", se refere à sua pouca força física. "Falhar o desejo" significa que cessou o impulso sexual. "Homem se vai à casa paterna" é uma figura para designar a partida para a eternidade. 


DEUS, A RAZÃO MAIOR

O livro de Eclesiastes aborda os seguintes assuntos:
  • Não devemos esperar nenhuma satisfação na vida.
  • Todas as etapas da vida devem ser aceitas.
  • A vida é repleta de frustrações.
  • Só é possível aproveitar a vida tomando como ponto de partida a Deus.
O argumento do livro é mostrar que não existe nada que possa trazer sentido à vida, pois a morte ao final é certa. Os problemas serão inevitáveis e não haverá respostas simples que satisfaçam os mistérios da vida. A vida deve estar fundamentada em Deus, pois os prazeres são passageiros, embora possam ser aproveitados como dons divinos. A vida não segue um roteiro preestabelecido de acordo com a justiça retributiva, isto é, todos experimentarão bons e maus momentos. As fatalidades, embora desagradáveis, podem ajudar a progredir a fé. Apesar do aparente pessimismo do livro, sua conclusão ressalta a atitude positiva ao estabelecer a vida em Deus.



QUANDO A CRISE FINANCEIRA BATER À PORTA

O que mais causa ansiedade nas pessoa é o demasiado apego aos bens materiais, à riqueza, e principalmente ao dinheiro. Jesus deixou bem claro que ninguém pode, ao mesmo tempo, servir a Deus e às riquezas. Servir às riquezas, é colocarmos nelas as nossa esperança, segurança. fé e felicidade, imaginando que somente elas serão capazes de garantir nosso futuro. É óbvio que Jesus não quis dizer que é errado o cristão tomar providências para suprir suas futuras necessidades materiais, O que ele realmente reprova é a preocupação angustiosa e a dedicação exclusiva às coisas terrenas que podem tornar-se ambição, cobiça, e, o que é pior, falta de fé no cuidado e amor de Deus.


1. A Fé e as incertezas. 

(a) a fascinação das riquezas. A fascinação que as riquezas produzem é capaz de escravizar o homem, assim como as drogas ou qualquer outro vício. Jesus veio para que tivéssemos vida em abundância (Jo 10.10). Além do mais, Jesus deixou bem claro que: "Onde estiver seu tesouro, ali estará também o vosso coração" (Lc 12.34). Paulo adverte: "Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e na ruína (I Tm 6.9).


(b) não sendo rico para com Deus. O homem que é escravizado pelo engano das riquezas é egoísta e não rico para com Deus (Lc 12.21). O rico inteligente entesoura para si mesmo um bom fundamento para o futuro (I Tm. 6.19).

(c) A instabilidade das finanças. Os profissionais do mercado financeiro sabem muito bem que neles existem flutuações, que não há certezas absolutas e, via de regra, se alguém está ganhando dinheiro em determinado tipo de investimento, outra pessoa o está perdendo. Apoiar nossa segurança e a nossa paz nas riquezas instáveis é como construir a casa sobre a areia (Mt 7.26). Não haverá estabilidade, e as chuvas e tempestades a derrubarão. Assim é com a alma e emoções de quem se apóia em coisas tão instáveis como as riquezas.

(d) Quando a riqueza vem. Às vezes, a riqueza vem até nós. Pode ser a promoção tão desejada, ou mesmo mudança de emprego para uma proposta melhor; pode ser através do rendimento excepcional de determinado investimento, ou por outro motivo qualquer. A estradada vida está cheia de cadáveres de homens e mulheres de Deus que não souberam lidar com a abundância, mas agiram como filho pródigo que não soube se valer da sua herança. (Lc 15.11-24).

(e) Quando a riqueza se vai. As perdas fazem parte da vida. Em algum momento, todas as pessoas perderão algo. O tamanho da perda pode variar, mas todos a experimentam, em maior ou menor grau. Em momentos assim o crente precisa de um fundamento sólido, de exemplos de encorajamento que o ajudem a continuar caminhando, apesar de tudo (Fp 4.12,13). A vida de Jó e seu testemunho servem de grande ajuda aos corações que sofrem.

(f) Seja confiante e humilde.Deus é fiel, não importa a nossa situação financeira. Além disso, ele prometeu que nunca nos abandonaria (Hb. 13.5). Mesmo nas nossas maiores crises, Deus não nos abandonará, e suprirá o básico para a nossa sobrevivência, enquanto a tempestade não passa.

(g) Tenha contentamento em seu coração. O apóstolo Paulo em suas viagens missionárias, às vezes passava por situações financeira delicadas, muitas vezes, por privações. Ele desenvolveu uma forma especial para lidar com isso: "já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; e, toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (Fp 4.11-13). 

2. Trabalho Constante

(a) Fazer dinheiro, Embora em nosso país seja comum o "jeitinho", a Bíblia afirma que o trabalho é o método natural para ganhar dinheiro (II Ts 3.10). Obviamente vivemos hoje em dia o drama do desemprego, quando muitas pessoas, apesar de desejarem, não conseguem obedecer a esse padrão. Mesmo assim, muitos conseguem se adequar a outras alternativas de trabalho. Um segundo método bíblico é do da poupança (Mt 25.14-30). Gastar menos do que se ganha é uma receita simples e que, com o passar do tempo, se mostra cada vez mais eficaz. Quaisquer outras formas de fazer dinheiro tais como heranças, prêmios extras, etc, são a exceção, não a regra. Não podemos colocar nossas expectativas nessas coisas incertas. Temos que fazer nosso melhor, para termos uma vida financeira equilibrada.

(b) Aprendendo com as formigas. Algumas formigas parecem ser mais inteligentes do que muitos seres humanos. Salomão manda que alguns de nós aprendamos com elas. Em provérbios 6.6-11. ele faz um contraste entre o preguiçoso,  que empobrece e passa necessidade por sua falta de iniciativa, e a formiga, que trabalha no verão e armazena comida para o inverno. O crente precisa preparar-se adequadamente, para ser competitivo no mercado de trabalho. Além disso, é preciso viver um padrão de vida que possibilite fazer uma poupança, pois todos nós passamos por momentos difíceis. Os especialistas em finanças dizem que deve-se providenciar uma poupança no equivalente a seis meses de salário, para se lidar com eventuais situações de desemprego. Isso realmente soa como algo inimaginável para quem tem uma renda muito baixa; nesse caso, vale a pena pensar em rendas extras, que ocupem o tempo disponível no dia a dia.

(c) Aprendendo a economizar. A economia é o outro lado da moeda da prosperidade financeira; ela complementa o trabalho. Para muitas pessoas, economizar é uma tarefa quase impossível, mas na verdade, não é tão difícil assim. Para economizar, precisa-se gastar menos que ganha. Parece obvio, e é mesmo. Jamais consegue-se economizar como as formigas - armazenando no verão, a comida para o inverno - se não gastar menos que ganha.  Poupança é um hábito que se aprende, se conquista. Gastar menos que se ganha requer disciplina e planejamento. Existem diversas formas de reduzir as despesas familiares, dentre tantas, evitar o desperdício. O Senhor Jesus nos deu um exemplo disso na multiplicação dos pães e peixes. A abundância foi enorme, a ponto de não somente alimentar milhares de pessoas, mas também sobrar muito alimento. Os discípulos não jogaram a sobra fora, mas recolheram tudo (Mt 14.20). Se até mesmo o alimento, fruto do milagre, não foi desperdiçado, imagine aquele que é adquirido com dinheiro, fruto do trabalho do povo de Deus! Precisamos ter a perspectiva correta sobre essas coisas: compreender que tudo pertence a Deus, que somos apenas administradores temporários e que devemos glorificar o Criador com todas as áreas da nossa vida, inclusive a financeira.




Fontes de Pesquisa:

Bíblia de Estudo Pentecostal - Ed. CPAD


http://www.isaltino.com.br/2011/08/estudo-biblico-no-livro-de-eclesiastes

Revista  - Semeando a Palavra - Finanças - Ed. Ideall

Comentários

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