Lição 03 -O Primitivo Projeto e a Contemporaneidade

Texto áureo: Deuteronômio 30.19
Texto Bíblico Básico: Salmo 127.1,2; Salmo 4.1,3,7,8; Salmo 128.1,2,4-6


A FAMÍLIA DO SÉCULO  21: ACOLHIMENTO OU EXCLUSÃO?
Ao olharmos para a descrição que o apóstolo Paulo faz da família, encontramos um modelo chamado de NUCLEAR, composta pelo casal e os filhos. Nessa família, os papéis dos gêneros, masculino e feminino, são bem claros. Paulo chama de marido o homem, e de esposa, a mulher. Na família NUCLEAR tradicional, o homem exerce o papel de provedor, principal e exclusivo, enquanto que à mulher cabem as tarefas domésticas não remuneradas. Entretanto, nas famílias contemporâneas, as coisas não são assim. Há famílias em que a mulher está inserida no mercado de trabalho e as tarefas domésticas foram redistribuídas com o maridos (nuclear conjugal). Há famílias compostas apenas por um dos pais e os filhos(monoparental). Há famílias constituídas de pessoas que já têm filhos provenientes de outras relações(recomposta). Há também famílias em que um dos sogros passa a morar com a família nuclear (extensa.).

“Independente da sua estrutura e configuração, a família é o palco em que se vive as emoções mais intensas e marcantes da experiência humana. É o lugar onde é possível a convivência do amor e do ódio, da alegria e da tristeza, do desespero e da desesperança. A busca do equilíbrio entre tais emoções, somada às diversas transformações na configuração deste grupo social, têm caracterizado uma tarefa ainda mais complexa a ser realizada pelas novas famílias”. (Wagner, 2001)
A organização da família contemporânea foi construída e desconstruída de acordo com os aspectos sociais, econômicos, políticos e religiosos. As novas relações passaram a conviver, ou não, com os filhos do primeiro relacionamento e com os filhos do cônjuge do segundo casamento. Desses novos relacionamentos surgiram novos filhos que passaram a conviver juntos nessa nova família reconstituída. Nas novas organizações familiares os papéis são constantemente avaliados e reavaliados, buscando na relação a satisfação de todos. Nesse contexto a figura do pai também se modificou, tornando-se mais afetivo e participativo na educação dos filhos. Antes a figura do pai era temida por sua autoridade e distanciamento dos filhos. A modernidade aproximou ambos, pais e filhos passaram a se relacionar de maneira mais próxima e afetiva, bem diferente da época do Brasil Colonial, onde a figura paterna provocava medo. A modernização levou as mulheres a estudar e a se prepararem melhor para exercerem atividades especializadas. Na contemporaneidade elas são a maioria nas Universidades e estão ocupando, no mercado de trabalho, profissões antes só ocupadas pelo sexo masculino. Elas estão presentes nas construções civis, nas academias universitárias, na política, nas grandes empresas liderando e comandando. A maternidade, como escolha, tornou-se uma das grandes conquistas das mulheres que podem deixar a maternidade para mais tarde, depois de consolidar a sua carreira profissional. A contemporaneidade trouxe também a possibilidade de dizer não à maternidade. O censo do IBGE aponta o crescimento de mulheres que têm optado por não ter filhos. 





Não há famílias perfeitas, mas princípios perfeitos para a família. Esta convicção nos anima a não desistir da nossa, mas a gastar tempo diante de Deus, agradecendo e intercedendo por ela, chorando por ela (em lugar de escondermos seus problemas), lutando por ela (em lugar de desanimarmos), buscando novos caminhos para ela (em lugar de nos acomodarmos).

O SISTEMA PATRIARCAL NOS TEMPOS BÍBLICOS

É impossível comprimir em uns poucos parágrafos a enorme variedade de expressões familiares encontradas no Antigo Testamento, bem como sua evolução ao longo de milhares de anos. Durante esse período, muitas mudanças ocorreram. Abraão viveu uma vida semi-nômade. Seus descendentes, que se estabeleceram em Canaã, construíram cidades e interagiram com as pessoas da região. No período da peregrinação do povo de Israel pelo deserto, sua estrutura familiar se definiu. Uma tribo era formada por vários clãs, os quais, por sua vez, eram grupos de famílias unidas por laços consanguíneos (Js 7.14-18). Nessa estrutura social, cada indivíduo era visto como membro de uma família. Cada família estava unida a outras famílias, que formavam um clã. O clã fazia parte de grupos mais extensos,
formando as tribos. Assim, toda a nação de Israel era, efetivamente, uma grande família de famílias.A família no Antigo Testamento era definitivamente patriarcal. Um dos termos que a designavam era casa paterna  As genealogias eram sempre apresentadas através da linhagem paterna. O pai possuía autoridade total sobre os filhos, inclusive os casados, se viviam com ele, e sobre suas mulheres, podendo até mesmo decidir se deveriam viver ou
morrer. A desobediência e a maldição aos pais eram castigadas com a morte (Êx 21.15; Lv 20.9; Pv 20.20). À medida que o sistema legal evoluiu, esse direito foi transferido para as cortes, mas em essência não mudou. Diante da queixa de um pai, a corte geralmente pronunciava sentença de morte. Os patriarcas hebreus seguiam os costumes de seus vizinhos no que diz respeito a ter mais de uma esposa, ou seja, eram polígamos. As famílias daqueles tempos normalmente abrangiam um grande número de pessoas: o marido, suas esposas e seus filhos, suas concubinas e seus filhos, os filhos casados, as noras, os netos, escravos de ambos os sexos e seus filhos nascidos sob aquele teto, os estrangeiros residentes no mesmo prédio, as viúvas, os órfãos e todos quantos se abrigavam sob a proteção do chefe de família. Quando os reis de Canaã aprisionaram Ló, Abraão reuniu “...trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa...” (Gn 14.14) e foi resgatá-lo.

A condição da mulher: Embora as mulheres fizessem grande parte dos trabalhos pesados da casa e do campo, tinham uma posição pouco privilegiada, tanto na sociedade como na família. As solteiras viviam sob a tutela do pai ou de um guardião. Ao que tudo indica, elas eram tratadas mais como prendas de valor, que eram “compradas” por seu futuro esposo e, inclusive, vendidas como escravas (Êx 21.7). Por norma, apenas os filhos do sexo masculino
podiam receber herança, e o filho mais velho tinha direito a uma porção dupla da propriedade do pai. Somente se não houvesse homens na família é que as filhas podiam herdar algo dos pais. Se uma família não tivesse filhos, a propriedade passava ao parente varão mais próximo.

OS DESAFIOS DA IGREJA






Há um claro desafio ético hoje para a sobrevivência pacífica da família. As famílias aparentemente têm falhado na prática da ética bíblica. Quanto mais a civilização avança na era tecnológica, mas percebe-se que falta luz dentro das famílias. Dentro dos lares ocorrem lutas de sobrevivência, de compreensão e de tolerância mútua. E isso é decorrente do modo de pensar dos últimos 40 anos. Hoje, quando se fala em cultura, economia, política há sempre o debate sobre a ética, expressão sobre a qual o homem define os seus caminhos.A igreja não pode ficar inerte a esta situação, mas deve alinhar o que precisa fazer como a sua missão em busca dos perdidos, em busca das famílias perdidas. Os desafios para igreja que vai em busca das famílias é ter ela mesma a compreensão desta sua missão. Depois ela precisa organizar-se nessa direção e se equipar para enfrentar a sua tarefa.Treinar pessoas e traçar um plano de apoio às famílias da igreja local que tanto precisam de apoio. Direcionar-se nos diversos segmentos da família, crianças, adolescentes, jovens, os que vão se casar, os que já se casaram os que têm filhos, os sozinhos, os da terceira idade e os que se divorciaram. Há também o desafio de ter fundamento bíblico. Embora muitas ações dependam de eventos, o fundamento sempre é mais importante. Ter conselheiros bíblicos na sua missão com famílias. 

PORQUE E COMO PRESERVAR A FAMÍLIA?

As grandes tensões que assolam a família contemporânea têm suas causas diagnosticadas na própria natureza humana: "Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na futilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento dos seus corações. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza. Todavia, não foi assim que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade". Efésios 4:17-24. A Bíblia é clara quando afirma que sem Cristo nada podeis fazer (Jo 15.15). Isto também é verdade no relacionamento familiar, sendo a família nuclear ou não. O Senhor, sendo o centro do lar em tudo, concederá a sua bênção no sentido de que cada membro da família dê a sua contribuição para que o relacionamento cristão ideal seja uma realidade no lar, a fim de honrar o nome do Senhor. A Palavra de Deus é guia para tudo na nossa vida. É dela que vamos extrair o padrão de comportamento que cada membro da família deve ter, a partir da mais tenra infância. Procedendo assim, a vida de cada um de nós se aproximará bastante do ideal estabelecido por Deus. Deus se interessa pelo bem estar e pela salvação das famílias. Ele demonstrou que não deseja vê-las despidas de suas qualidades morais, virtudes de uma sociedade  digna do Criador, próspera e feliz. 

BONS EXEMPLOS DE FAMÍLIA 

Noé - Mesmo idoso com os filhos adultos, Noé ainda liderava sua família e tinha dela o respeito e a submissão sem qualquer dificuldade.

Josué - Em seu último ato público, Josué como chefe de família temente a Deus, lançou ao povo um desafio: "Escolhei hoje a quem sirvais" (Js. 24.15). Ele já havia feito a sua escolha por si e pela sua família.

Filipe -  O relato de Atos espelha a boa estrutura espiritual existente na família de Filipe, resultante de um investimento espiritual demorado e contínuo. Por isso, teve a grande satisfação de contemplar suas quatro filhas servindo a Deus sendo portadoras de dons espirituais.


A família e o cuidado com o idoso




A melhora na qualidade de vida dentre outros fatores, tem aumentado consideravelmente a expectativa de vida pelo Brasil e mundo afora, o que faz com que o idoso faça parte da configuração familiar da maioria dos lares. O cuidado com a saúde, o bem estar e a felicidade dos pais é uma responsabilidade de toda a família. A Bíblia ensina honrar pai e mãe (Ex 20.12). Alguns filhos desprezam seus pais quando estes chegam á terceira idade. Há idosos que sofrem com maus-tratos dentro do seu próprio lar. Alguns tem de suportar indiferença, reclamações, exigências, abusos e desrespeito dos familiares. Assim a liberdade do idoso fica coibida e tudo o que ele faz passa a ser motivo de reprovação. A palavra honrar não significa apenas obedecer aos pais durante a infância. Seu significado vai além, quer dizer amar, respeitar, cuidar, ter paciência e ser benevolente com os pais quando estiverem em idade avançada. Há promessa para os filhos que assim procedem (Ef. 6.2). Não podemos nos esquecer de que toda a conduta no lar serve de espelho para as crianças; inclusive o trato com as pessoas idosas da família. 

ARQUITETURA DIVINA

Todo edifício em construção tem uma planta, um planejamento. Numa construção, deve-se saber antecipadamente que tipo de edifício deseja construir inclusive que tipo de material deve ser empregado na construção. Para a construção de um lar, o processo é semelhante, ou seja, todos devem saber definir bem o que é um lar:

1. Um lugar seguro
2. Refúgio adequado
3. Ambiente de paz
4. Reduto de amor
5. Lugar de união, unidade e reunião
6. Lugar de respeito
7. Lugar de solidariedade
8. Lugar de oração
9. Lugar de adoração

Todo tipo de sociedade começa pela menor célula chamada família. Portanto, sua importância e participação é fundamental em todos os seguimentos, quer sejam comuns ou espirituais. Portanto, um lar bem estruturado tem sua importância indiscutível dentro de uma sociedade.

DADOS ESTATÍSTICOS

Mudanças no Perfil da Família Brasileira
Diminuição na Configuração FamiliarEstudos demonstram que na década de 90 a tendência foi a diminuição na configuração ( menor número de pessoas que compõem a família) e aumento da diversidade dos grupos familiares;
Diminui o número de casamentos: O número de casamentos em 2002 ( IBGE, 2003) é 4% inferior ao de 1991. Há 12 anos eram 7,5 uniões legais por mil habitantes. Esse número caiu para 5,7 por mil.Aumento do número de relações sem registro: O número de uniões consensuais, “sem papel passado” quase dobraram na última década;
Casamentos tardios: Homens e mulheres estão casando três anos mais tarde do que há uma década. Média de idade feminina: 26,7 anos – Média masculina: 30,3 anos;
Idosos se casam mais: No grupo com mais de 65 anos, os homens casam-se cerca de 5 vezes mais do que as mulheres;
Uniões precoces: Nas uniões de 2002, 12% dos cônjuges tinham menos de 20 anos;
Pessoas morando sozinhas: Aumentou em 64% o número de pessoas que moram sozinhas;
Casais sem filhos: 39% dos casais não tem filhos;
Famílias monoparentais: Mulheres que criam seus filhos sozinhas: aumentou 53% na última década; 
Menos casamentos e mais uniões rompidas: De 1991 a 2002 as separações aumentaram 30,7%. Houve um incremento de 59,6% dos divórcios;
Recasamentos: O percentual de divorciados em novas tentativas de casamento passou de 5,3% do total em 1991 para 10,8% em 2002.


FONTES DE PESQUISA

www.webservos.com.br; 
www.oitavaigreja.org.br
www.fazendogenero.ufsc.br
www.ultimato.com.br
http://www.depen.pr.gov.br
http://www.clickfamilia.org.br/
Apostila Ética da Família Cristã - FATADS
Revista Lições Bíblicas - Família Cristã - Ed. CPAD- 2º trimestre de 2004
Revista Lições da Palavra de Deus - Ed. Central Gopel - 3º trimestre de 2012
Fotos Ilustrativas: www.google.com

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